A tensão na disputa comercial entre Estados Unidos e China foi intensificada nesta quarta-feira (16) com o anúncio de um novo aumento nas tarifas americanas sobre produtos chineses. Conforme detalhado em documento divulgado ontem (15) pela Casa Branca, as taxas de importação para a China podem alcançar até 245%, em resposta às “ações retaliatórias” de Pequim – após o tarifaço implementado pelo governo de Donald Trump.
O documento não explica como o governo norte-americano chegou a decisão, mas classifica as tarifas como uma forma de “nivelar o campo de atuação e proteger a segurança nacional dos EUA“.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, foi questionado por jornalistas locais sobre o novo percentual das taxas e rebateu: “Podem perguntar ao lado americano o valor específico das tarifas”. Lin também afirmou que “a China deve manter sua posição”, segundo reportou o jornal estatal Global Times.
As tarifas anunciadas são parte de uma estratégia iniciada no dia 2 de abril, batizada por Trump como o “Liberation Day” (“Dia da Libertação”). Na ocasião, os EUA aplicaram uma tarifa padrão de 10% sobre mais de 180 países e instituíram tarifas recíprocas individualizadas para aqueles com os maiores déficits comerciais com os americanos, podendo essas chegar até 50%.
Desde então, a Casa Branca afirmou que mais de 75 países procuraram o governo estadunidense para negociar acordos comerciais e buscar a redução das tarifas. Como gesto de abertura ao diálogo, Trump anunciou em 9 de abril uma “pausa” nas tarifas recíprocas, mantendo apenas a tarifa geral de 10% por 90 dias.
Porém, a China não estava em meio a este grupo que procurou um acordo com os EUA. Em vez disso, preferiu responder com uma retaliação à altura, elevando também as tarifas sobre produtos americanos.
Ainda na última terça, os EUA voltaram a afirmar que estão dispostos a negociar os acordos comerciais com a China, mas que essa possibilidade está nas mãos dos chineses.
“O presidente deixou bem claro que está disposto a fazer um acordo com a China, mas a China também precisa querer fazer um acordo com os EUA”, afirmou Katherine Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca.
Entenda a linha da guerra comercial:
- 2 de abril (quarta-feira)- Trump anuncia tarifas de 10% a 50% sobre produtos de mais de 180 países, incluindo a China. Os chineses receberam uma tarifa de 34%, somada aos 20% já existentes, totalizando 54% sobre produtos chineses.
- 4 de abril (sexta-feira) – China impõe tarifas extras de 34% sobre todas as importações americanas.
- 9 de abril (quarta-feira) – EUA aumentam em 50% as tarifas sobre a China, totalizando 104%. Os chineses reagem e elevam as tarifas de 34% para 84% sobre os EUA. Trump anuncia “pausa” nas tarifas de 10% a 50% para outros países do mundo por 90 dias, exceto a China.
- 10 de abril (quinta-feira) – Casa Branca esclarece tarifa de 125%, somada à anterior de 20%, totalizando 145% sobre produtos chineses.
- 11 de abril (sexta-feira)- China responde com novas tarifas de 125% sobre produtos americanos. Trump cede à realidade e isenta eletrônicos de tarifas “recíprocas”.
- 15 de abril (segunda-feira) – China suspende entregas de aeronaves da Boeing e pede para que as empresas aéreas chinesas interrompam todas as novas compras de equipamentos e peças de aeronaves de companhias americanas.