O número de pessoas em situação de rua no Brasil alcançou a marca de 327.925 em dezembro de 2024, um aumento de 25% em relação ao ano anterior, segundo o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG). Destes, mais de 60% vivem em três estados governados por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): São Paulo, com Tarcísio de Freitas (Republicanos); Rio de Janeiro, com Claudio Castro (PL); e Minas Gerais, com Romeu Zema (Novo).

A região Sudeste concentra 63% da população em situação de rua no país, com 204.714 pessoas. São Paulo lidera com 139.799, seguido pelo Rio de Janeiro (30.801) e Minas Gerais (30.244). Em conjunto, esses estados refletem as falhas de políticas públicas estruturantes e a ausência de uma abordagem efetiva para resolver o problema da moradia e gerar oportunidades para a população vulnerável.

Especialistas atribuem o agravamento dessa situação a uma combinação de cortes orçamentários, falta de investimentos em programas habitacionais e ausência de ações integradas entre os estados e o governo federal. Para André Luiz Freitas Dias, coordenador do Observatório da UFMG, “a ausência de políticas públicas voltadas para moradia, trabalho e educação amplifica o problema e reforça o ciclo de exclusão social”.

Além disso, dados revelam que sete em cada dez pessoas em situação de rua não concluíram o ensino fundamental e 11% são analfabetos, um indicativo do descaso dos governos estaduais com a educação básica.

Sob a gestão de Tarcísio de Freitas, São Paulo representa sozinho 43% da população em situação de rua do país. Enquanto a capital paulista registra mais de 92 mil pessoas vivendo nas ruas, também existem cerca de 590 mil imóveis vazios, segundo o Censo Demográfico de 2022. A discrepância expõe a falta de políticas habitacionais efetivas.

Robson César Correia de Mendonça, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo, resume a questão: “A negligência habitacional é reflexo de um sistema que prioriza o lucro sobre o bem-estar social”.

“Se nós temos 588 mil e poucos prédios ociosos na cidade de São Paulo e 90 mil de população em situação de rua, isso quer dizer que se fosse feita uma reforma nesses prédios, tornando-os habitacionais, nós teríamos resolvido uma boa parte dessa demanda e tirado essas pessoas da situação de rua. Isso tornaria muito mais barata a questão da moradia do que o custeio com albergue e outras questões que o governo busca fazer para tentar solucionar o problema e que nunca consegue solucionar”, defende.

O Rio de Janeiro, governado por Cláudio Castro, e Minas Gerais, sob a gestão de Romeu Zema, completam o quadro alarmante. Ambos os estados apresentam números significativos de pessoas em situação de rua, mas têm priorizado políticas econômicas que desconsideram a proteção social.

A inércia dos governos estaduais e a falta de diálogo com as administrações municipais comprometem soluções estruturantes, enquanto a população em situação de rua segue crescendo em um ritmo alarmante.

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Last Update: 03/01/2025