A prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello pelo Supremo Tribunal Federal (STF), abordada pela colunista da GloboNews Eliane Cantanhêde em seu texto mais recente publicado no Estado de S. Paulo — Collor assombra Lula com o fantasma da Lava Jato e aumenta o pânico de Bolsonaro com a prisão — , é mais uma demonstração de que a burguesia está armando uma nova etapa de golpe no País.
Cantanhêde é bastante explícita: a prisão de Collor, que havia navegado por anos nos meandros do STF com “embargos e recursos”, teria sido possível graças à canetada do ministro Alexandre de Moraes, que teria dado um “basta” à “chicana jurídica”. Ou seja, segundo a própria imprensa burguesa, o processo legal foi simplesmente atropelado para atender a interesses políticos imediatos.
Cantanhêde deixa ainda mais claro o propósito político da operação: em suas palavras, a prisão de Collor serve para “assombrar Lula” e “aumentar o pânico de Bolsonaro”. Uma espécie de aviso a todos: o Supremo não hesitará em prender quem considerar necessário para manter o controle do regime. Ao mesmo tempo em que prepara o terreno para a prisão de Bolsonaro, especialmente com o julgamento farsesco sobre o “golpe de 8 de janeiro”, o STF também mantém a espada sobre a cabeça de Lula.
O objetivo é inviabilizar as duas candidaturas populares para 2026 — Lula e Bolsonaro. Ao transformar Bolsonaro em inelegível e manter a ameaça de prisão, o Supremo busca pressioná-lo a não lançar sequer um candidato de sua confiança, como sua esposa Michelle Bolsonaro, ou qualquer outro nome de peso que pudesse representar uma continuidade de sua influência.
No caso de Lula, a pressão é mais sutil, mas igualmente criminosa: ao manter o governo constantemente encurralado, o STF contribui para fazer a política do governo fracassar. E, assim, impedir sua reeleição.
Em lugar de eleições minimamente democráticas, a burguesia prepara, para 2026, um pleito totalmente manipulado, controlado pelas mãos do Judiciário, para eleger um candidato que garanta a aplicação da política neoliberal mais extremada, sem os riscos que Lula ou Bolsonaro representam — cada um, à sua maneira, para o regime.