Outro dia, o Estadão publicou um editorial que parecia emergir das brumas do tempo, contra a visita de Lula à Rússia. Interesses geopolíticos, pragmatismo, aproximação com uma economia das maiores do mundo, nada disso foi considerado. Ergueram-se do túmulo apenas as vozes da guerra fria. Aliás, em matéria de editoriais, Estadão e Folha são recordistas. Em décadas de jornalismo, poucas vezes presencei nível tão baixo nos editoriais.
Mas, nas reportagens, o jornal tem lapsos de relevância, de tratar de temas realmente relevantes. E colocou, como manchete principal, as reportagens sobre a visita de Lula à China, assinadas pelo enviado especial Felipe Frazão.
Aqui, um resumo da matéria:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em visita à China com o objetivo de fortalecer parcerias estratégicas e atrair investimentos para o Brasil, especialmente em áreas como infraestrutura, saúde e energia. Um dos principais focos é alinhar projetos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com a Iniciativa do Cinturão e Rota (Nova Rota da Seda) chinesa, buscando sinergias que impulsionem o desenvolvimento econômico brasileiro. (Estadão)
A visita ocorre em um contexto de tensões comerciais globais, particularmente entre Estados Unidos e China, intensificadas por políticas protecionistas do ex-presidente Donald Trump. Nesse cenário, países latino-americanos, incluindo Brasil, Colômbia e Chile, veem na China uma oportunidade para diversificar suas relações comerciais e fortalecer laços econômicos. (El País)
Durante sua estadia, Lula participará da quarta reunião do Fórum China-CELAC, que visa promover o desenvolvimento e a cooperação entre a China e os países da América Latina e Caribe. Além disso, estão previstas reuniões bilaterais com o presidente chinês Xi Jinping para discutir acordos que abrangem desde investimentos em infraestrutura até colaboração em tecnologia e transição energética.(El País)
Essa iniciativa reflete a estratégia do governo brasileiro de buscar uma política externa mais autônoma e diversificada, fortalecendo parcerias com diferentes blocos econômicos e ampliando as oportunidades de desenvolvimento para o país.
Aliás, no futuro, quando algum historiador se deburçar sobre os jornais brasileiros, para recuperar a história do país, só encontrará discussões acesas sobre frases de Lula, sobre custos das viagens de Lula, sobre passeios de Janja. O conceito de relevância só sobrevive em alguns suspiros de jornalismo, como este proporcionado pelo Estadão.
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