Em mais um exemplo de oportunismo barato, o articulista Paulo Henrique Arantes publicou uma coluna intitulada Aplausos à cassação de Rubinho Nunes, no sítio do Brasil 247. Antes de analisar o conteúdo da matéria, devemos aplaudir Arantes, que escreveu uma peça curta e muito clara, mesmo quando a política está para além de errada, é sempre bom quando a posição é clara, e sem tergiversações. Arantes começa:

“Já escrevemos aqui sobre Rubinho Nunes, vereador em São Paulo pelo União Brasil (seu sexto partido), ora cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por disseminar fake news abjeta contra Guilherme Boulos na última eleição municipal. Como dizem os colegas da imprensa, ‘cabe recurso’.”

Ou seja, Rubinho Nunes está sendo cassado por “mentir na eleição”, certamente é o primeiro na história nacional a fazê-lo! A questão toma contornos ainda mais ridículos depois de a esquerda pequeno-burguesa ter caído de boca na campanha do “chupetinha”. No linguajar moralista de Arantes, não se trataria de uma “fake news abjeta”? A esquerda está se tornando de maneira acelerada uma nova direita: moralista e hipócrita.

Arantes prossegue com uma tese moralista, que busca pintar Rubinho Nunes de monstro, e assim justificar o abuso antidemocrático do judiciário:

“A trajetória do nobre edil teve como ponto alto o desejo de punir quem ousasse doar comida aos moradores de rua da cidade de São Paulo com multa de R$ 17 mil, isso em 2024, além de desencorajar ações humanitárias desse tipo mediante enfastiante burocracia.

Como já perguntamos neste espaço, Rubinho odeia pobre? Parece que sim, pois tal sentimento é escancarado por sua fixação odiosa pelo padre Júlio Lancellotti.”

Ao invés dessa campanha ridícula em defender a intervenção do poder judiciário nas eleições, poder este que não se apoia sobre a soberania popular, por que não combater politicamente os inimigos do povo, tal qual o próprio articulista ensaia neste pedaço de sua coluna? Sem perceber, o articulista do Brasil 247 demonstra que um embate político é a solução, afinal “pode até ter dado algum resultado, a despeito da crueldade.”

A questão não é se Arantes é má pessoa, e Lancelotti é boa pessoa, o que provavelmente é de fato verdade, mas sim o aprofundamento da ditadura do poder judiciário sobre as eleições, ou seja, sobre a já diminuta participação popular no regime político. Mais uma vez, o caminho ao inferno está sendo forjado por “boas intenções”, na luta para que ladrões de galinhas sejam caçados, está sendo instaurada uma ditadura no Brasil. Tudo contra a direita! Inclusive entregar poderes extraordinários para a direita…

Vale menção que um dos ocorridos que Arantes coloca como ponto negativo na trajetória de Rubinho o seguinte:

“Em 2016, protocolou o primeiro pedido de impeachment contra um ministro do Supremo Tribunal Federal, acusando Marco Aurélio Mello de agir de forma arbitrária ao determinar, mediante liminar, que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, colocasse em votação pedido de impeachment contra o presidente da República, Michel Temer. A coisa toda acabou engavetada.’”

Protocolar um pedido de impeachment contra um ministro do STF, um ser divino encapado caminhando entre os homens, é de fato um pecado capital. Rubinho evidentemente é um direitista, inimigo do povo, mas protocolar pedido de impeachment contra algum ministro do STF não é crime, muito menos algo ‘condenável’. Trata-se de mais uma demonstração do caráter profundamente conservador da esquerda: “democracia” são os onze ministros do Supremo, inimigos do povo muito maiores que Rubinho.

Ele prossegue:

“Em 2018, Lula, preso, teve seus benefícios de ex-presidente da República cortados pelo juiz federal Haroldo Nader, da 6ª Vara de Campinas, em decisão sobre ação popular liderada por Rubinho Nunes.

Ainda em 2018, o jovem político reacionário de Vinhedo, junto com o inefável Kim Kataguiri, entrou com ação para impugnar a candidatura de Lula à Presidência da República com base na Lei da Ficha Limpa. A dupla do MBL foi vitoriosa no Tribunal Superior Eleitoral, como se sabe.”

O esquerdista pequeno-burguês é incapaz de perceber o caráter reacionário da Lei da Ficha Limpa. O problema é que foi usado por um direitista contra Lula, não que seja um mecanismo legal, cuja existência se justifica para manipular eleições e intervir na vontade popular.

Pode ser que Rubinho Nunes e seus pares respirem ódio ao humanismo e a qualquer ação na direção da justiça social e da igualdade, mas sua cassação nada tem de alvissareira. Os esquerdistas aloprados estão servindo de aríete para terminar de demolir o que resta de soberania popular no pouquíssimo democrático Estado brasileiro. O pau que bate em Francisco já começa a dar em Francisco, perguntem ao Glauber Braga.

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Last Update: 05/06/2025