No dia 26 de abril de 2025, foi publicada uma coluna de autoria de Eduardo Guimarães no sítio Brasil 247, intitulada Como Fux matará o julgamento de Bolsonaro no peito.
Segundo o colunista, Fux estaria se preparando para travar o julgamento de Bolsonaro, retirando o julgamento da Primeira Turma, o que atrasaria todo o processo e poderia deixá-lo para o ano que vem, ano das eleições presidenciais.
O texto se inicia da seguinte forma:
“O bordão de Sérgio Moro que apareceu nas mensagens da Vaza Jato em 2019, dito “In Fux We Trust”, está sendo resgatado pelo bolsonarismo, que chama Luiz “mato no peito” Fux de “único juiz de carreira do STF”.
A história desse ministro no STF é uma história que, segundo o jornal Folha de SP, começou com uma traição. Em 2010, Fux saiu em campanha pelo Brasil para convencer o então presidente Lula a indicá-lo à Corte.”
A traição citada pelo colunista diz respeito ao fato de que foi justamente o governo de Lula que indicou Fux ao STF, sendo que, pouco tempo depois, o ministro do Supremo acabou por perseguir o Partido dos Trabalhadores (PT), tanto nos processos do Mensalão quanto nos da Lava Jato, como segue o texto de Guimarães:
“Dois anos depois, em 2012, Fux foi um dos mais duros na condenação do ex-ministro de Lula apesar de não haver, então, provas diretas contra ele, que foi condenado pela doutrina alemã “domínio do fato”, criada para crimes de guerra. Todavia, condenou Dirceu porque ele “tinha que saber do mensalão por ter sido chefe da Casa Civil de Lula”.”
O colunista está certo ao dizer que Fux foi um traidor da indicação petista para o STF, mas, sem querer, acaba por concordar com as denúncias de que o processo contra Bolsonaro, assim como eram os processos contra os petistas nos dois casos citados anteriormente, se trata de um processo farsa, com fins políticos e que atropelam as leis brasileiras.
Isso porque Guimarães exige de Fux o mesmo tratamento dado aos petistas nos julgamentos farsa. Ele diz que os processos do Mensalão não apresentavam provas contra Dirceu, o que é fato, mas omite que os processos de agora contra Bolsonaro não só deixam de apresentar provas contra os réus, como os julga por crimes que não existem, como o de se manifestar, o que o STF vem chamando de “tentativa de golpe de Estado”, em relação aos condenados do 8 de janeiro.
Segundo o texto de Guimarães, seria um problema Fux não agir para condenar Bolsonaro a qualquer custo agora, mas, quando se tratava dos petistas, Fux deveria ter agido dentro da lei. Ele chega mesmo a se perguntar porque é que a fraudulenta teoria do domínio do fato, utilizado para prender Dirceu, não é usada contra Bolsonaro:
“Por alguma razão, Fux nunca defendeu a teoria do domínio do fato para Bolsonaro…”.
O texto continua:
“Agora, os últimos movimentos de Fux deixam claro o plano do juiz de barrar a condenação dos golpistas e do chefão por unanimidade, o que atrasaria MUITO o fim do julgamento de Bolsonaro e dos outros 33 golpistas ao levar o caso para o Plenário, permitindo embargos infringentes graças à quebra da unanimidade gerada, na melhor das hipóteses, pelos ministros bolsonaristas.”
Ou seja, Guimarães não deseja um processo justo contra Bolsonaro, mas um processo que o condene o mais rápido possível, ainda que, para isso, ele seja julgado pela Primeira Turma do STF que claramente tem problemas pessoais em relação ao réu, sendo que só o fato de que o julgamento comece pelo STF, o que, por ser o Supremo a última instância de apelação, impede que Bolsonaro tenha o direito de recorrer, algo que sempre criticamos em relação ao processo do Mensalão, agora Bolsonaro é julgado pela Primeira Turma, em que somente seus desafetos se fazem presente.. O próprio Alexandre de Moraes é vítima e juiz em um dos casos.
O texto termina com os seguintes dois parágrafos:
“Fux votou pela abertura da ação penal contra Bolsonaro porque a quantidade e a qualidade das provas não permitiriam que votasse contra – o que, inclusive, não adiantaria nada, pois ele seria voto vencido. Mas pode usar para o ex-presidente a tática que usou para Débora do Batom.
Tampouco adiantaria, pois Moraes já decidiu que divergência na dosimetria das penas não permite embargos infringentes — e teve suporte dos pares –, mas a tática fuxiana gera narrativa e um atraso no processo, jogando-o para 2026, que é tudo o que a extrema-direita almeja.”
A quais provas se refere Guimarães? Quais são as provas cabais contra Bolsonaro? Não sabemos, nem mesmo os juízes do STF sabem.