O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) afeta adultos em diferentes níveis de desempenho no mercado de trabalho brasileiro.
Segundo o neurologista Dr. Matheus Trilico, mais de 5% da população adulta global convive com o transtorno, sendo mais prevalente entre homens.
No Brasil, não há estatística nacional precisa, mas os impactos econômicos são significativos.
Em 2015, o país já registrava um prejuízo anual estimado em R$ 1 bilhão com efeitos indiretos da falta de tratamento adequado.
Entre os principais efeitos estão:
-
Aumento de acidentes e dos custos com saúde.
-
Alta rotatividade no emprego, com custos em recrutamento e capacitação.
-
Desenvolvimento de quadros como depressão e ansiedade, que reduzem a produtividade.
Técnicas práticas ajudam no foco e na organização no dia a dia
De acordo com o Dr. Trilico, estratégias baseadas em evidência podem melhorar o desempenho de profissionais com TDAH.
Uma das mais adotadas é a Técnica Pomodoro, que propõe blocos de trabalho de 25 minutos seguidos por pausas curtas.
Aplicativos de bloqueio de distrações e organização de tarefas também são úteis para manter o foco ao longo do expediente.
Atividades como meditação, yoga e exercícios físicos ajudam a regular a atenção e a reduzir a agitação.
No campo clínico, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) combinada com medicação tem mostrado bons resultados.
O uso de aplicativos voltados ao tratamento também vem crescendo. Essas plataformas ajudam no monitoramento e na autogestão dos sintomas.
Empresas podem adotar práticas inclusivas para apoiar profissionais com TDAH
Segundo o neurologista, ainda não há exemplos públicos de empresas brasileiras com políticas específicas voltadas ao TDAH.
Mesmo assim, é possível adaptar boas práticas internacionais ao contexto local, com medidas de apoio no ambiente de trabalho.
Entre as ações recomendadas estão:
-
Ambientes de trabalho com espaços silenciosos e iluminação ajustável.
-
Permissão para uso de fones com cancelamento de ruído.
-
Ferramentas visuais de organização, como quadros Kanban físicos ou digitais.
Além disso, capacitar lideranças sobre o tema pode ampliar o suporte às equipes:
-
Workshops sobre neurodiversidade e comunicação com profissionais com TDAH.
-
Metas claras e feedbacks estruturados.
-
Avaliações de desempenho adaptadas ao perfil neurodivergente.
Empresas também podem estabelecer programas de mentoria interna e parcerias com profissionais especializados.
Oferecer sessões de terapia ocupacional no próprio ambiente pode complementar esse processo de apoio.
Ampliação do acesso ao tratamento ainda é desafio no Brasil
Para o Dr. Trilico, a evolução do tratamento depende de avanços no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre as propostas estão:
-
Inclusão de medicamentos de liberação prolongada na lista do SUS.
-
Criação de centros especializados em TDAH adulto nas capitais e regiões metropolitanas.
-
Programas de telemedicina para ampliar o acesso em cidades do interior.
Inclusão de profissionais neurodivergentes deve ser prioridade nas empresas
O reconhecimento da neurodiversidade no ambiente corporativo ainda é limitado, mas pode se tornar diferencial competitivo.
O neurologista sugere ações como:
-
Políticas de contratação inclusivas.
-
Programas de estágio e trainee voltados para talentos com TDAH.
-
Consultorias especializadas em neurodiversidade para orientar a gestão de pessoas.
Essas ações podem fortalecer a cultura organizacional e ampliar o engajamento de equipes diversas.
Caminhos para quem vive com TDAH e deseja progredir na carreira
O Dr. Trilico indica um plano de ação para adultos com TDAH no mercado de trabalho:
-
Buscar diagnóstico e tratamento com especialistas.
-
Aplicar técnicas de gestão de tempo, como Pomodoro e aplicativos de foco.
-
Incluir atividades físicas e práticas de relaxamento na rotina.
-
Conversar com a empresa sobre adaptações possíveis no ambiente de trabalho.
“O TDAH apresenta desafios significativos no ambiente profissional brasileiro, mas com estratégias baseadas em evidências e um ambiente de trabalho compreensivo, profissionais com TDAH podem não apenas superar esses obstáculos, mas também prosperar”, afirma Dr. Matheus Trilico.