Escorpião capturado por moradores. Foto: Divulgação

O aumento na aparição de escorpiões em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, tem deixado moradores e comerciantes apreensivos. A situação é mais crítica nos arredores da rua Palestra Itália, próximo ao Allianz Parque, onde os relatos têm se tornado frequentes e acendido o sinal de alerta quanto à segurança local.

O provável responsável pelo crescimento na população de escorpiões na região é um terreno abandonado localizado no final da rua Palestra Itália, aliado ao acúmulo de lixo nas vias próximas.

Essas condições favorecem a presença de baratas, principal fonte de alimento dos escorpiões, contribuindo para a multiplicação desses aracnídeos. Moradores têm compartilhado relatos nas redes sociais, especialmente na página @perdizes_digital no Instagram.

Na tarde da última terça-feira (13), uma funcionária de uma loja de roupas levou um susto ao perceber um escorpião no chão do estabelecimento. Por pouco, ela não encostou no animal, que inicialmente julgou ser uma folha seca. O incidente mudou sua rotina: agora, evita se sentar no chão durante as pausas no trabalho, como costumava fazer.

Já o chef de cozinha Paulo Afonso, de 35 anos, teve um encontro ainda mais perigoso. No feriado de 1º de maio, enquanto cuidava das plantas na varanda de seu apartamento, foi surpreendido por uma picada do aracnídeo.

“Começou a me dar falta de ar, muita tremedeira, suadeira. Pensei que ia morrer”, relatou. Após horas de agravamento dos sintomas, ele procurou um posto de saúde e recebeu soro antiescorpiônico. Familiares encontraram outro escorpião morto no banheiro do apartamento.

Além de Perdizes, foram registrados relatos de escorpiões na Vila Leopoldina, Vila Romana, Santa Cecília e Jaraguá. Daniela Donato, economista e moradora da Vila Romana, contou que técnicos da prefeitura chegaram a alertá-la sobre a presença do animal na vizinhança. Já na Santa Cecília, um escorpião foi encontrado em um corredor de prédio, motivando uma dedetização.

Na zona norte, Daianny Marotta, síndica de dois conjuntos habitacionais no Jaraguá, relatou que um escorpião entrou no apartamento de um morador cadeirante. Mesmo com a dedetização em dia, os animais continuam aparecendo.

De janeiro a abril de 2025, o número de chamados à Prefeitura de São Paulo pelo canal SP156 para “vistoria de local com escorpiões” cresceu 25% em relação ao mesmo período de 2024 — de 576 para 723 registros.

Segundo o Ministério da Saúde, as picadas de escorpião são hoje a principal causa de envenenamento por animais peçonhentos no Brasil. Em 2023, mais de 200 mil acidentes foram registrados em todo o país, de um total de 340 mil incidentes com animais venenosos.

Na capital paulista, os números também chamam atenção. Foram 442 casos em 2023, 425 em 2024 e já são 200 em 2025 — o que projeta um possível aumento para 536 até o fim do ano, caso a média se mantenha.

Um artigo publicado em maio na revista científica ‘Frontiers’ classificou o avanço dos escorpiões como uma “epidemia oculta” no Brasil. Segundo a publicação, o número de casos saltou de 67 mil em 2014 para 170 mil em 2023, com projeção de mais de 274 mil em 2033.

O escorpião Tityus serrulatus tem sido responsável por invadir residências em São Paulo. Foto: Divulgação

A principal espécie responsável pelos acidentes é o ‘Tityus serrulatus’, conhecido como escorpião-amarelo, altamente adaptável ao ambiente urbano. “Todos estão suscetíveis, pois as residências são interligadas pela rede de esgoto”, alerta Eliane Candiani Arantes, pesquisadora da USP de Ribeirão Preto.

Segundo a Covisa, três espécies de escorpião são de maior risco à saúde pública em São Paulo: Tityus bahiensis (marrom), Tityus serrulatus (amarelo) e Tityus stigmurus (amarelo do nordeste).

A médica Camila Prado, do Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp, afirma que é essencial procurar atendimento médico o mais rápido possível. “Crianças com menos de 10 anos são mais suscetíveis a quadros graves”, explica.

Em caso de picada, é recomendado lavar o local com água e sabão, evitar o uso de qualquer produto caseiro e procurar imediatamente uma unidade de saúde para atendimento adequado.

A Prefeitura de São Paulo e especialistas orientam que a população mantenha quintais e jardins sempre limpos, livres de entulhos e folhas secas. Também recomendam sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, instalar telas em ralos, tampar frestas nas paredes e armazenar o lixo de forma adequada. Além disso, o uso de luvas ao manusear materiais de construção ou entulho é essencial para evitar acidentes.

A Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ) da cidade realiza inspeções e distribui material informativo para a população. Os moradores que encontrarem escorpiões podem registrar uma solicitação no canal SP156 (via app, site ou telefone).

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Last Update: 15/05/2025