Na última terça-feira (25), a parlamentar escocesa Ash Regan apresentou um projeto de lei para criminalizar o pagamento por serviços sexuais na Escócia, adotando o chamado “modelo nórdico”. A proposta visa combater a demanda masculina pela prostituição, classificada por Regan como uma forma de violência contra as mulheres.

A proposta, porém, enfrenta resistência. Uma mulher de 30 anos, identificada como Alice (nome fictício), que trabalha na prostituição desde os 17 anos, relatou à rede britânica BBC os impactos que a mudança pode trazer. Caso a lei seja aprovada, Alice teme que os “bons clientes” desapareçam, restando apenas “as pessoas que não se preocupam com você, já que não se preocupam em desrespeitar a lei”, declarou.

A mulher também destacou que a criminalização dificultaria a denúncia de abusos. “Meu corpo se tornaria uma cena de crime, certo? Por que eu iria para a polícia? Não procuro a polícia nem mesmo agora”, desabafou. Para ela, o fim da repressão seria a melhor solução, pois permitiria maior proteção e um diálogo mais aberto com as autoridades.

Sobre as “alternativas de saída” propostas por Regan, Alice é cética: “realmente não altera os motivos por que as pessoas acabam preferindo trabalhos sexuais”, disse, referindo-se à troca por empregos com salário mínimo. À reportagem da rede britânica, a mulher diz que entrou para a prostituição após perder o emprego em uma central de atendimento e enfrentar dificuldades financeiras.

A história de Alice revela a raiz econômica do problema. Após ser demitida aos 17 anos, sem opções de trabalho e com um ambiente familiar difícil, ela viu na prostituição uma forma de sustento.

Reprimir a atividade, como ela argumenta, só agravará a vulnerabilidade das mulheres. Para que a exploração sexual termine, é necessário enfrentar as condições econômicas que levam mulheres a essa situação, oferecendo soluções reais, e não apenas repressão.

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Last Update: 28/05/2025