O presidente argentino, Javier Milei, se envolveu em um escândalo no dia 14 de fevereiro, ao divulgar a criptomoeda $LIBRA, que pouco tempo depois de valorizar graças ao anúncio de Milei, perdeu valor de mercado e resultou em perdas para 86% dos investidores, que juntos somaram prejuízo de US$ 251 milhões.

Para comentar o desdobramento do caso, o programa Nova Economia da última quinta-feira (20) contou com a presença de Martín Granovsky, jornalista argentino do jornal Página/12 e editor do site Yahoraque.com.ar.

O jornalista comenta que, desde a posse de Milei, em dezembro de 2023, é a primeira vez que o governo perdeu a iniciativa política. 

“Isso é muito importante na Argentina. Perdeu a iniciativa política, perdeu o domínio da agenda pública,

 de conversa pública, de discussão pública, inclusive, um ajuste fiscal. O próprio presidente diz que ‘é o maior ajuste fiscal da história mundial’. Milei disse, não eu. Então, esse fato de o governo ter perdido a iniciativa pública pela primeira vez indica a importância do escândalo”, comenta Granovsky.

O convidado do programa Nova Economia ressaltou ainda que é uma lástima que, apesar da importância do escândalo político, este não é muito forte para Milei na Argentina e em todo o mundo.

“Tenho informações de pessoas em Wall Street de que o presidente é um novo Bernie Madoff [criminoso norte-americano culpado de orquestrar o maior esquema de pirâmide financeira da história]. Nos EUA, Bernie Madoff foi condenado a 150 anos de prisão por ter estafado financeiramente alguns milhões de dólares. Na Argentina, a estafa é pequena, mas veio de um presidente”, acrescenta o jornalista.

Granovsky lamenta ainda o fato de não ter informações exatas sobre como o escândalo da criptomoeda está impactando as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mas, para refutar a alegação do presidente de que a divulgação da moeda que levou milhares de investidores à ruína de que ele o fez enquanto “cidadão”, Granovsky restada a declaração de um importante constitucionalista argentino, para quem “o presidente da Argentina precisa ser presidente e é uma tarefa 24 horas por dia, sete dias por semana”.

O problema é a incompatibilidade entre a função pública e a função privada. Os presidentes não podem, segundo o artigo 399 do código penal argentino, fazer negociações incompatíveis com a função pública”, pondera.

O jornalista lembrou ainda que não é possível prender um presidente em cargo. Para tanto, o chefe de Estado deve passar por um processo de impeachment. 

“Se o argumento de Milei for invertido, o Milei cidadão seria passível de uma prisão policial. Para Milei, não é muito conveniente”, conclui o entrevistado. 

Confira o programa na íntegra:

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Last Update: 23/02/2025