Escala 4X3 melhora a saúde e aumenta produtividade, aponta estudo

Ciência confirma que uma jornada semanal menor beneficia trabalhadores e amplia o crescimento econômico, rebatendo informações infundadas espalhadas pelas elites que pretendem manter a desigualdade

A jornada de trabalho 4×3 é benéfica para a saúde e produtividade dos funcionários e também para as empresas. “Trabalhar quatro dias e folgar três faz bem à saúde” diz o título da matéria da Folha de São Paulo desta segunda-feira (21) com base em estudo da universidade Boston College (EUA) publicada na mesma data na revista científica Nature Human Behaviour.

Os resultados são a prova científica de que é possível ter uma jornada de trabalho mais justa e produtiva e reforçam a tese de que a escala 6×1 é um modelo obsoleto e bastante prejudicial à saúde e bem-estar dos trabalhadores, levando-os ao esgotamento físico e mental.

Os novos modelos de relação de trabalho, benéficos para patrões e empregados, mostram que passa da hora do Brasil se alinhar às tendências globais que priorizam a saúde e a qualidade de vida da classe trabalhadora.

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Durante seis meses, a Boston College acompanhou 141 empresas da Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos que fizeram a alteração da rotina de dias de trabalho. Os pesquisadores monitoraram também outras 12 empresas que mantiveram a semana de cinco dias de trabalho. Os salários de todos os 2.896 funcionários que participaram do estudo foram mantidos, sem redução para os que trabalharam quatro dias e folgaram três.

“Notamos que os funcionários das empresas que reduziram os dias de trabalho tiveram reduções significativas de burnout, além de melhora na saúde mental e física. A satisfação com o trabalho também aumentou”, disse Wen Fan, uma das autoras do estudo, ao apontar que essas mudanças não foram observadas no grupo que trabalhou cinco dias por semana.

O estudo da Boston College evidenciou que empresas registraram vantagens no recrutamento e retenção de talentos com a escala 4×3. Uma das empresas que participou do estudo tinha problemas para atrair talentos e passou a ser alvo de interesse porque a semana de trabalho mais curta é valorizada. “Alguns funcionários disseram que nem mesmo um aumento salarial os faria voltar para a semana de cinco dias”, disse Wen.

Empresas brasileiras tiveram aumento de produtividade

“Testes feitos com empresas brasileiras apontaram até mesmo aumento de produtividade”, diz a matéria, ao remeter para uma publicação do dia 10 de março sobre 19 empresas que fizeram a escala em projeto-piloto que apontou bons resultados de produtividade com a escala 4×3 e demandou ajustes em áreas que precisam de mais contratações.

“Mesmo trabalhando um dia a menos, a produtividade cresceu cerca de 71,5% dos casos, houve aumento de 60,3% no nível de engajamento e elevação do comprometimento em 65,5% das empresas”, diz a matéria da Folha do mês de março.

A pesquisadora Fan salientou que existem diferentes formas de implementar uma escala de trabalho com três dias de descanso pois cada área vai ter diferentes necessidades e mesmo com redução de produtividade, o esquema pode compensar pela melhoria no bem-estar. “Mais de 90% das empresas que reduziram a jornada de trabalho para o estudo decidiram continuar com esse modelo”, relatou ela, ao citar os óbvios pontos positivos para os trabalhadores como menos casos de burnout, melhoria na saúde mental e física, mais satisfação com o trabalho e mais tempo com a família e em atividades de lazer.

História de luta pelo fim da escala 6×1

Em 2015 o atual senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou a PEC 148 propondo redução gradual para 40 horas e menos uma hora a cada ano até chegar a 36 horas. Ele sempre defendeu que, além de não impactar negativamente na produtividade, a diminuição da jornada de trabalho representaria mais qualidade de vida, melhora da saúde física e mental, mais vagas de emprego e aumento da produtividade.

O fim da escala 6×1 foi o mote que uniu centrais sindicais no 1º de Maio deste ano, assinalou a Folha, ao citar que o debate ganhou impulso em fevereiro quando a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) protocolou uma PEC com a implementação da escala 4×3.

A luta pelo fim da escala 6×1 ganha cada dia mais tração e se soma a outras lutas. Há uma semana (16) parlamentares da Bancada do PT participaram do evento de lançamento do Plebiscito Popular – por um Brasil Mais Justo, na Câmara dos Deputados.

A iniciativa defende a taxação dos super-ricos, redução da jornada de trabalho sem redução de salarial e o fim da escala 6×1. O ato reuniu entidades sindicais, movimentos sociais e lideranças políticas comprometidas com o fortalecimento da democracia participativa no país. A consulta popular já recebeu 500 mil votos até o momento.

O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), esteve presente no ato e reforçou a luta da Bancada do PT pelo fim da escala 6×1. Ele citou as propostas que tramitam na Casa sobre o tema, de autoria de parlamentares do PT e do PSol, e que uma tramitação mais rápida da proposta poderia acontecer por meio de um projeto do governo com urgência constitucional.

“Então, nós, da Bancada do PT, sugerimos que o Governo do Presidente Lula mandasse para o Congresso um projeto de lei, com urgência constitucional, propondo o fim da escala 6×1. Com essa urgência, a proposição tem a obrigação de ser votado em 45 dias”, explicou.

 

Do PT Nacional, com informações da Folha de São Paulo

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