A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) criticou uma das primeiras medidas do novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que permite aos parlamentares estarem presencialmente em Brasília apenas um dia por semana para votar projetos em plenário.

“Essa escala que ele criou revela um descolamento enorme da realidade do povo. O cara baixa uma norma interna e nem percebe o que está propondo”, manifestou a parlamentar durante participação no programa de Andréa Gonçalves.

Conforme a portaria interna, a presença física será obrigatória somente às quartas-feiras. Às terças e quintas os deputados poderão votar remotamente, o que permitirá que deixem Brasília já na noite de quarta.

Embora a prática já ocorresse sob Arthur Lira (PP-AL), esclareceu Sâmia, Hugo Motta formalizou o esquema. “Hoje já funciona assim, mas o escândalo é que ele oficializou. Enquanto o povo luta contra a escala 6×1, ele decreta 1×6 para os parlamentares”.

A deputada do PSOL afirmou que a medida favorece ainda mais parlamentares que pouco atuam e penaliza aqueles que cumprem seu dever.

“É sempre importante separar o joio do trigo. Tem parlamentar que só faz isso mesmo: vem, registra, negocia umas emendas e vai embora. Tem parlamentar que trabalha: visita territórios, fiscaliza órgãos públicos, faz luta e permanece em Brasília, articulando além do horário de expediente. Agora, para aqueles que não gostam muito de trabalhar, de gastar a sola do sapato, sem dúvida, esse modelo é um prato cheio para fazer o que quiser”.

O Que Mudou?

Em 5 de fevereiro, Hugo Motta anunciou que a presença será obrigatória às quartas-feiras, com terças em formato híbrido e possibilidade remota, e quintas com votação online. Antes, sob a gestão de Arthur Lira (PP-AL), o registro de voto era feito via aplicativo, mas com presença inicial obrigatória em plenário. Agora, com a nova norma oficializada, haverá um esvaziamento dos debates legislativos.

A decisão de Motta surge em meio ao debate sobre o fim da escala 6×1, que garantiria mais descanso aos trabalhadores, mas que é rejeitada por setores da extrema direita. O idealizador do movimento VAT (Vida Além do Trabalho), Rick Azevedo, também teceu críticas nas redes sociais à recente decisão, “1×6 para eles e 6×1 para nós… Você, trabalhador, tem esse conforto?”, indagou.

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Last Update: 13/02/2025