Eric Hobsbawm. Foto: Divulgação

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Nesta segunda-feira (9), relembramos os 108 anos de nascimento de um dos historiadores mais influentes do século XX, Eric John Ernest Hobsbawm. Nascido em 9 de junho de 1917, em Alexandria, no Egito, o pensador explicava o mundo a partir da dialética marxista, com maestria e propriedade de causa pois foi militante do Partido Comunista de Berlim e da Grã-Bretanha, e fazia a defesa do socialismo.

O historiador foi um poliglota, viajante incansável, marxista desde sua juventude, e um importante humanista. Versátil, ele também era amante da música e das artes, escritor combativo e aguerrido, além de amigo do Brasil, apreciando o “chorinho” carioca. Hobsbawm faleceu de pneumonia aos 95 anos, em 1º de outubro de 2012, em Londres. 

Ele mudou-se para Berlim em 1931, após o falecimento dos pais. Em Berlim, capital alemã, como estudante, ingressou na Juventude Comunista, época em que participou da luta contra o nazifascismo. Porém, quando Hitler assumiu o poder em 1936, mudou-se para a Inglaterra com a família e ingressou no Partido Comunista na Grã-Bretanha.

Eric Hobsbawm autografa A era dos extremos, em Paraty, RJ. Foto: Divulgação

O historiador comunista deixou como uma das suas principais lições a necessidade de não somente estudar e compreender a história humana, mas a necessidade de lutar para transformá-la. Convicto dos princípios de Karl Marx, ele defendia que sem a aplicação do método marxista é impossível compreender a História da Humanidade, e dedicou sua vida e obra a isso.

O pensamento de Hobsbawm segue atual e fundamental para a compreensão da história e as transformações da história, buscada pelos movimentos sociais no Brasil, por exemplo. O membro da coordenação nacional MST e educador do Instituto de Educação Josué de Castro, Miguel Stedile enfatiza dois aspectos importantes sobre a obra e o legado do pensador.

“Nós precisamos pensar o Eric Hobsbawm como um militante; para além de ser historiador e marxista. Ele era filiado ao Partido Comunista da Grã-Bretanha, em plena Guerra Fria, em plena luta contra o fascismo, um cenário conservador e de minoria da organização da classe trabalhadora na Inglaterra. O segundo aspecto é que o Hobsbawm não tem uma visão centrada na Europa, ele foi alguém que dedicou uma boa parte da sua vida a compreender a América Latina, e também muito influenciado pelos movimentos que estudou e acompanhou na América Latina, inclusive as ocupações de terra por todo o continente sul-americano”, defende.

O dirigente também destaca que as contribuições de Hobsbawm sobre a organização da classe trabalhadora no mundo, bem como “sobre as lutas dos movimentos camponeses e o desenvolvimento do capitalismo no século XX são fundamentais para a reflexão da experiência e para pensar o que é organizar a classe e enfrentar o capitalismo no século XXI”, resume.

Obras

Algumas das principais obras do autor são: A Era das Revoluções (2009, Paz e Terra), que aborda o período de 1789 a 1848, da Revolução Francesa à Revolução Industrial. A Era do Capital, que trata da expansão da economia capitalista em todo o planeta, de 1848 a 1875, da Editora Paz e Terra, 2009; A Era dos Impérios, de 1875 a 1914, também publicado pela editora Paz e Terra, em 2009. A Era dos Extremoso breve século XX, que interpreta o período de 1914 a 1991, da editora Cia. das Letras, de 1995, em que o autor menciona no prefácio o que motivou seus estudos e o moveu como ser humano. “O meu tempo de vida coincide com a maior parte da época de que trata este livro e durante a maior parte de meu tempo de vida — do início da adolescência até hoje – tenho tido consciência dos assuntos públicos” (p.07).

Eric Hobsbawm também publicou:
História do marxismo – 12 volumes (1985-1989, Paz e Terra)
Estratégias para uma esquerda racional – Escritos políticos – 1977-1988 (1991, Paz e Terra)
A revolução francesa (1996, Paz e Terra)
História social do jazz (1990, Paz e Terra)
Ecos da Marselhesa – Dois séculos reveem a Revolução Francesa (1996, Cia. das Letras)
Pessoas extraordinárias – Resistência, rebelião e jazz (1998, Paz e Terra)
Sobre história (1998, Cia. das Letras)
Mundos do trabalho (2000, Paz e Terra)
O novo século – Entrevista a Antonio Polito (2000) – também em edição de bolso (2009, Cia. das Letras)
Tempos interessantes – Uma vida no século XX (2002, Cia. das Letras)
Revolucionários – Ensaios contemporâneos (2003, Paz e Terra)
A transição do feudalismo para o capitalismo – Um debate (com outros autores) (2004, Paz e Terra)
Depois da queda – O fracasso do comunismo e o futuro do socialismo (com outros autores) (2005, Paz e Terra)
Globalização, democracia e terrorismo (2007, Cia. das Letras)
A invenção das tradições (2008, Paz e Terra)
Nações e nacionalismo desde 1780 (2008, Paz e Terra)
Da revolução industrial inglesa ao imperialismo (2009, Forense Universitária)
Bandidos (2010, Paz e Terra)
Os trabalhadores – Estudos sobre a história do proletariado (2010, Paz e Terra)
Como mudar o mundo – Marx e o marxismo 1840-2011 (2011, Cia. das Letras)

*Editado por Fernanda Alcântara

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Last Update: 09/06/2025