A discussão sobre responsabilidade social e sustentabilidade ganha novo fôlego no Brasil com a proximidade da COP30.
Enquanto isso, cresce o interesse das empresas em ações alinhadas ao conceito ESG — sigla para Ambiental, Social e Governança.
Segundo a pesquisa Panorama ESG 2024, realizada pela Amcham Brasil, 71% das empresas brasileiras já adotaram ou estão implementando iniciativas na área.
O número representa um salto de 24 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Leis de incentivo se tornam ferramenta estratégica no ESG
Para Ítalo Azevedo, sócio-fundador da Muda Cultural, consultoria especializada na gestão de incentivos fiscais e projetos sociais, as leis de incentivo são um caminho eficiente para transformar discurso em prática.
“Mais do que uma agenda ética ou reputacional, ESG é uma estrutura de ação. As leis permitem que as empresas materializem seus compromissos, saindo do discurso e entrando no campo da entrega”, afirma.
A seguir, cinco pontos destacados pelo especialista sobre como as leis de incentivo podem fortalecer o posicionamento das empresas:
1. Alinhar discurso e prática
De acordo com Azevedo, o apoio a projetos nas áreas de cultura, educação, saúde e meio ambiente permite que as empresas demonstrem de forma concreta os seus compromissos sociais.
A destinação de recursos a iniciativas com impacto comprovado fortalece a coerência institucional e dá mais credibilidade às ações de ESG.
2. Trabalhar a reputação com base em dados
Projetos incentivados exigem metas, públicos definidos e indicadores de desempenho.
Isso possibilita às empresas apresentar resultados claros em seus relatórios de sustentabilidade, demonstrando onde atuaram, quem foi beneficiado e quais foram os impactos gerados.
“Essa transparência fortalece a confiança de consumidores, parceiros e acionistas”, explica o especialista.
3. Atuar nos territórios certos
Ao direcionar recursos para regiões vulneráveis, as empresas ampliam sua presença social em áreas onde as transformações são mais urgentes.
O projeto Aprendizes – Digital, por exemplo, realizado pela Muda Cultural com o apoio de empresas por meio do ProAC ICMS, leva oficinas de tecnologia e artes para jovens de Sumaré, no interior de São Paulo.
A ação promove inclusão digital e desenvolvimento de habilidades em comunidades periféricas.
4. Obter visibilidade qualificada
Diferente de campanhas publicitárias tradicionais, o apoio a projetos sociais gera visibilidade espontânea e positiva.
Iniciativas como o festival Artistas de Rua, viabilizado por meio da Lei Rouanet e do PROMAC, ganham destaque na imprensa, nas redes sociais e em eventos comunitários.
Segundo Azevedo, as marcas envolvidas passam a ser vistas como parceiras do desenvolvimento social, não apenas como patrocinadoras.
5. Fortalecer o engajamento interno
O impacto das ações não se limita à imagem externa.
Azevedo afirma que funcionários e parceiros tendem a se engajar mais quando percebem que a empresa investe em causas relevantes.
“Quando o investimento é bem conduzido, ele fortalece não só a imagem da empresa, mas também seu vínculo com a própria equipe, reforçando a cultura organizacional”, destaca.
Além disso, o uso estratégico das leis de incentivo contribui para ampliar o debate sobre o papel social das empresas, estimular novas formas de atuação e gerar valor para toda a cadeia de stakeholders.
“Criar pontes entre o setor público, a iniciativa privada e a sociedade civil exige mais do que técnica. Exige escuta, contexto e visão estratégica. E é esse olhar que buscamos compartilhar”, conclui o especialista da Muda Cultural.