Policiais civis da Bahia prenderam um novo suspeito de envolvimento no assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete. Ydney Carlos dos Santos de Jesus foi detido na noite desta terça-feira (23) em Salvador por agentes do Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). Durante a prisão, os policiais encontraram uma pistola municiada e drogas em posse de Jesus.
Segundo a Polícia Civil, Jesus é acusado de participar da execução de Mãe Bernadete, que liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador. Ele é o terceiro dos cinco denunciados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) a ser preso. Os outros dois detidos, Arielson da Conceição Santos e Sérgio Ferreira de Jesus, foram capturados em setembro de 2023. Dois outros suspeitos, Josevan Dionísio dos Santos e Marílio dos Santos, permanecem foragidos.
Mãe Bernadete, ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho, foi assassinada em 17 de agosto de 2023 aos 72 anos. Testemunhas relataram que ela foi morta com pelo menos 25 tiros por homens armados que invadiram a sede da associação quilombola, baleando-a na frente de seus três netos, de 12 a 18 anos.
De acordo com o MP-BA, Mãe Bernadete foi morta por sua luta contra o tráfico de drogas na região e por se opor à construção de uma barraca em uma área de preservação ambiental que Marílio e Ydney usariam para vender drogas. As investigações apontam que Arielson e Josevan foram os autores dos disparos, agindo sob as ordens de Marílio e Ydney, ambos integrantes de uma facção criminosa de tráfico de drogas. Sérgio Ferreira, padrasto de Marílio, teria fornecido as informações que motivaram o assassinato e orientado os autores do crime.
Arielson e Josevan também são acusados de roubar cinco celulares de Mãe Bernadete e seus netos. Outro suspeito, Carlos Conceição Santiago, foi denunciado por posse ilegal de arma de fogo, acusado de armazenar as armas usadas no crime.
Na última segunda-feira (22), a 1ª Vara Criminal de Simões Filho aceitou o pedido do MP-BA para que Arielson, Sérgio e Marílio sejam julgados por um júri popular. Embora Marílio seja considerado foragido, ele já constituiu advogado de defesa, permitindo o prosseguimento do julgamento. A ação penal foi desmembrada para agilizar o julgamento dos três acusados, enquanto Ydney e Josevan ainda não foram localizados.