
Paulo Niccoli Ramirez, cientista político e professor da ESPM e da Fundação Escola de Sociologia e Política, analisou os protestos da bancada bolsonarista no Congresso e o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal. Segundo o analista, não há base para o pedido avançar, mas a ação mostra o desespero dos aliados do ex-presidente Jair Bolosnaro, que está em prisão domiliciar e cumpre outras medidas cautelares no âmbito de uma ação penal sobre tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.
Para Ramirez, Moraes estaria agindo dentro de sua prerrogativa de defender a Constituição e não existe maioria bolsonarista no Senado para concretizar o impeachment, tornando-o uma “mera narrativa”.
Durante o programa TVGGN 20 Horas da noite de quarta (6), Ramirez criticou a ideia de que a Câmara possa barrar decisões do STF, classificando-a como “absolutamente absurda”, pois a palavra final em qualquer democracia, quando o assunto é justiça, pertence à Suprema Corte.
Ramirez lembrou de inúmeros crimes e ações de Bolsonaro que justificam sua situação em prisão domiciliar, apesar de a bancada bolsonarista tratar a medida como censura e perseguição política. Para o pesquisador, é preciso reforçar a narrativa de que os participantes do 8 de Janeiro em Brasília não são “pipoqueiros sorveteiros”, como afirmou Bolsonaro. São pessoas manipuladas com a intenção de gerar caos e conclamar as Forças Armadas para um golpe.
Apesar de o presidente da Câmara, Hugo Motta, ter anunciado medidas para afastar parlamentares bolsonaristas que insistirem em travar os trabalhos da Casa em protestos a favor do ex-presidente, o cientista político antevê a possibilidade de uma escalada muito forte da violência política.
A doença bolsonarista e o interesse das big techs
Ramirez também falou sobre o bolsonarismo como um fenômeno fascista à brasileira. Ele explicou que é produto direto também do neoliberalismo, que ao não resolver os problemas sociais, levou à radicalização e ao surgimento de discursos extremistas e fundamentalistas em religiões ocidentais (evangélicos, algumas alas católicas).
O especialista afirmou que a esquerda até tenta oferecer “respostas razoáveis” às crises do capitalismo, mas acaba massacrada pelos discursos “moralistas” (como “Deus, pátria, família”) que são difundidos por meio de big techs, que impulsionam também as notícias falsas e extremistas, dado seu potencial econômico.
Para Ramirez, neste contexto, a extrema-direita mundial demonstra estar articulada, e o ataque a Moraes no Brasil é parte de um movimento global para impedir a regulação das redes sociais, visando evitar que a “suposta liberdade de expressão” culmine em ataques à democracia e discursos de ódio.
Durante o programa com Luis Nassif, Ramirez comparou a retórica bolsonarista à propaganda nazista, lembrando que o totalitarismo, segundo Hannah Arendt, opera com uma “massa de manobra acéfala” e é baseado na mentira e na violência.
O cientista político finalizou sua participação no programa afirmando que o bolsonarismo “não é uma posição política, é um distúrbio mental,” e “precisa ser criminalizado”.
Assista a entrevista completa abaixo:
Este texto foi escrito com auxílio de I.A. e a edição do jornalismo do GGN.