O presidente Lula insiste em apresentar um Brasil irreal, em que a retórica de sucesso e crescimento econômico mascara uma realidade que desmente as promessas de seu governo. Embora ele se esforce para mostrar que o Brasil está indo bem, as pesquisas de opinião apontam uma desaprovação recorde de 57%. O governo segue a narrativa de que seria apenas um problema de comunicação, mas a realidade vivida por milhões de trabalhadores nos últimos anos está longe de ser a idealizada pelo presidente.

Crescimento do PIB: os bilionários agradecem, e os trabalhadores?

A alta do PIB no primeiro trimestre deste ano, 1,4% foi acima do esperado. O problema é que isso não significou nenhuma conquista ou melhoria de vida para os trabalhadores. Foi impulsionado pelo agronegócio, o que significa a manutenção do processo de desindustrialização do país. Alardearam o suposto investimento bilionário chinês, mas não dizem que isso aprofundará a dependência econômica e espoliação do país em nome dos lucros das multinacionais chinesas, que hoje se somam à exploração já feita pelos EUA e Europa.

Apesar do desemprego oficial estar baixo, os empregos são precários, com baixos salários. Os trabalhadores se viram em jornadas exaustivas nos aplicativos. Enquanto isso, os preços dos itens básicos continuam nas alturas, como o café e o azeite, e os salários não acompanham. É assim no capitalismo: quando a economia vai bem, só os monopólios capitalistas e os bilionários ganham; quando vai mal, os trabalhadores são os primeiros a perder.

É preciso derrotar a política econômica capitalista do governo

O governo vem entregando tudo que a burguesia quer e, em vários sentidos, faz um governo ainda mais neoliberal e capitalista do que os anteriores, incorporando setores cada vez mais à direita. Mas mesmo assim a burguesia exige mais ataques, cortes e lucros.

As medidas supostamente para atender os trabalhadores, além de serem completamente insuficientes, nem viram realidade. A isenção no Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil não foi votada ainda, e só a defasagem da tabela do Imposto de Renda nos últimos anos já é muito maior que isso. Diz ser a favor de debater o fim da escala 6×1, mas não faz nada para a efetiva redução da jornada de trabalho para não se indispor com o Congresso Nacional e os bilionários.

Vejamos o caso do desconto para os mais pobres na conta de luz. Ao invés de garantir a isenção retirando dos lucros bilionários das empresas americanas, europeias e chinesas que hoje dominam nosso parque elétrico, o governo vai fazer com o que os demais trabalhadores paguem essa conta. O governo tira dos pobres para dar aos mais pobres, enquanto deixa os bilionários intocados.

Ao contrário do que dizem os setores da esquerda que apoiam o governo, Lula não está tentando implementar um programa em favor dos trabalhadores e sendo impedido ou derrotado pela direita. Para que isso fosse verdade, deveria estar enfrentando o presidente da Câmara, Hugo Motta, e a direita no Congresso Nacional. Deveria estar defendendo propostas de interesses dos trabalhadores. Mas é o próprio governo quem constroi e apresenta os ataques, e, quando o Congresso os aprova, comemora como uma vitória junto com a direita.

Chamar as coisas pelo nome: Governo Lula é capitalista

Os petistas dizem que o principal problema hoje é a ultradireita com sua fábrica de fake news. Isso existe e precisa ser fortemente combatido, assim como é preocupante o peso do bolsonarismo no país. Mas não está evidente que a estratégia seguida pelo PT alimenta isso? O bolsonarismo vem tentando inverter a realidade afirmando que os problemas causados pelo governo Lula viriam de um suposto “socialismo” do PT quando, na verdade, o que estamos vendo é justamente o aprofundamento do capitalismo.

Se não chamarmos as coisas pelos nomes corretos, se não explicamos aos trabalhadores que Lula vem implementando a agenda que agrada os bilionários capitalistas, será muito mais fácil pra ultradireita ganhar a consciência da classe.

É necessário construirromper com o projeto de conciliação de classes do PT

Em várias regiões do país, professores da rede pública lutam contra o desmonte da Educação. Os operários da Avibras, uma das poucas empresas de tecnologia do país num ramo estratégico que é o da indústria bélica, estão há mais de mil dias em greve. Os petroleiros e os trabalhadores dos Correios também se mobilizam contra os desmonte das estatais e em defesa dos serviços públicos. Em São Paulo, a campanha por Despejo Zero enfrenta a especulação imobiliária e as empreiteiras. As lutas em defesa do meio ambiente e contra o genocídio em Gaza também continuam pelo país, exigindo de Lula a ruptura das relaçoes com o Estado terrorista de Israel.

É necessário denunciar e enfrentar essa política de aliança com os capitalistas e derrotar a política econômica do governo Lula. Botar abaixo o arcabouço fiscal que estrangula os investimentos públicos em favor dos banqueiros; garantir, com a nossa luta, o fim da Escala 6×1, com uma real redução da jornada de trabalho sem redução dos salários. É necessário parar as privatizações, inclusive as PPP’s (Parcerias Público-Privadas), como as realizadas pelo governo de extrema direita de São Paulo, Tarcisio de Freitas, junto com o Governo Federal, para privatizar escolas e o metrô.

O caminho tanto para lutarmos pelos direitos dos trabalhadores que estão sendo atacados por este governo como para derrotar o bolsonarismo, passa por construir um projeto alternativo pautado na independência política dos trabalhadores com um programa socialista e revolucionário que enfrente os bilionários capitalistas de verdade. Os ativistas de esquerda que continuam apoiando o governo enquanto ele aplica a política da direita mascara a realidade, e a necessidade de romper com essa política para defender, até o fim, as necessidades da classe trabalhadora, a soberania do país e um projeto socialista.

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Last Update: 05/06/2025