Entre o Bolsonarismo e o Lulismo

por Janderson Lacerda

Há quem reduza o bolsonarismo a Jair Messias Bolsonaro e sua família, desconsiderando as ideias medievais do movimento, centralizadas no obscurantismo religioso e no discurso em defesa da família tradicional, da pátria e da propriedade privada.

O bolsonarismo, embora não carregasse este rótulo, já foi capitaneado por Paulo Maluf. À época, o Malufismo era tão caricato quanto o movimento que criou Bolsonaro e utilizava o mesmo discurso de ódio como base fundamental para manter o seu eleitorado, além da violência como fonte para o progresso e a propagação de notícias falsas. Vale lembrar que Paulo Maluf, como dizia Leonel Brizola, era filhote da ditadura e Jair Bolsonaro é filho bastardo da ditadura burguesa-militar.

Apesar de Bolsonaro ter sido derrotado na eleição presidencial em 2022, o bolsonarismo continua em ascensão e Pablo Marçal, consciente disto ou não, já é herdeiro do movimento político, mesmo sendo rechaçado pela família Bolsonaro. Isto porque o Bolsonarismo não tem seu início e fim em Jair Messias Bolsonaro. O bolsonarismo representa a ideia do cidadão que se acha do bem e apregoa o extermínio das minorias sociológicas, fenômeno existente desde sempre nessas terras controladas pelo Tio Sam.

Pablo Marçal deve superar o candidato da família Bolsonaro porque Ricardo Nunes, por pior que o seja, não consegue dialogar com o Bolsonarismo. Marçal que tem reais chances de vencer o pleito eleitoral na Paulicéia desvairada é a continuação do movimento, além de uma ameaça a Tarcísio de Freitas que tenta se viabilizar como nome forte do bolsonarismo, embora não o seja. É possível que Marçal seja apenas um dos muitos nomes que surgirão dentro do Bolsonarismo e isto significa que apesar de termos chegado ao fundo do poço, o lamaçal está longe do fim. Resta saber como a família Bolsonaro lidará com tudo isto. Caso possuam a ilusão de serem detentores do bolsonarismo correrão o risco de serem esmagados pelo próprio movimento que os projetou ao cenário político nacional.

Em paralelo a tudo isto, Guilherme Boulos tenta se viabilizar como nome forte do Lulismo. O grande problema é que o Lulismo, diferentemente do bolsonarismo, é um movimento sem, ainda, as mesmas raízes. Fato é que o bolsonarismo continuará a existir, bem como a sua oposição, resta-nos saber em qual roupagem, Lulista ou não.

Janderson Lacerda, é professor universitário e escritor. É autor do livro Programa Escola da Família: democratização do espaço escolar? E coautor do livro Reflexões no Brasil pós-golpe.

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Última Atualização: 28/08/2024