Entenda a ligação de Toffoli com advogado de diretor do Master

A viagem do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Lima, no Peru, para assistir à final da Copa Libertadores em 29 de novembro, reacendeu o debate sobre o padrão ético e o bom senso esperado de integrantes dos tribunais superiores. Relator de um processo envolvendo o Banco Master, Toffoli embarcou no jato particular de um empresário politicamente conectado ao grupo investigado e dividiu o voo com um dos advogados de um réu no caso.

As informações, divulgadas inicialmente por Lauro Jardim, do O Globo, foram confirmadas por outros veículos. Torcedor do Palmeiras, Toffoli viajou na aeronave de Luiz Osvaldo Pastore, empresário e ex-senador. A bordo também estava Augusto Arruda Botelho, advogado de Luiz Antônio Bull, diretor de compliance do Banco Master e alvo de investigação.

O empresário e suas ligações políticas

Pastore, dono do jato, é um nome tradicional na política capixaba. Foi suplente dos ex-senadores Gerson Camatta e Rose de Freitas e, em 2022, integrou a chapa de Flávia Arruda como candidato a suplente. Flávia é esposa de Augusto Ferreira Lima, ex-sócio de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. Pastore foi ainda o principal financiador da campanha da ex-ministra.

Segundo o colunista Luís Costa Pinto, do ICL Notícias, que detalhou o episódio no programa Desperta ICL, Pastore possui conexões internacionais polêmicas.

O Pastore tem ligações com a extrema direita da Itália. Ele foi candidato ao Senado na Itália pelo partido de extrema direita, que deu origem à briga da extrema direita italiana e o livro ‘Os engenheiros do caos’”, afirmou.

A cronologia que levanta suspeitas

O ponto mais sensível do caso é a sequência de eventos envolvendo o ministro:

  • 28 de novembro (sexta-feira): Toffoli é sorteado relator de um recurso apresentado ao STF pela defesa de Daniel Vorcaro.
  • 29 de novembro (sábado): O ministro viaja a Lima no jato de Pastore, acompanhado por Arruda Botelho.
  • 3 de dezembro (quarta-feira): Arruda Botelho protocola um recurso em favor de seu cliente, Luiz Antônio Bull. No mesmo dia, Toffoli toma uma decisão: acata o pedido, determina que o inquérito seja enviado integralmente ao STF sob sua relatoria e impõe sigilo máximo ao caso.

Segundo Costa Pinto, “No mesmo dia do voo, foi impetrada uma ação pedindo para que todo o caso Master subisse para o STF e ficasse nas mãos do ministro Toffoli. Isso foi concedido três dias depois da final”.

Toffoli confirmou a interlocutores a viagem com Pastore, de quem afirma ser amigo, e a presença de Arruda Botelho. O ministro disse que não houve discussão sobre o processo durante o voo e que o recurso do advogado só foi apresentado após a viagem.

A revelação provocou críticas duras sobre a percepção de imparcialidade na cúpula do Judiciário.

O STF, até o momento, não se manifestou publicamente sobre o episódio.

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