A instalação nuclear de Fordow, no Irã. Foto: AFP

Na noite de 21 de junho de 2025, os Estados Unidos realizaram ataques aéreos contra três instalações nucleares estratégicas do Irã — entre elas, Fordow, Natanz e Isfahan. Os bombardeios, classificados pelo presidente Donald Trump como “muito bem-sucedidos”, marcaram a entrada direta de Washington no conflito já em curso entre Israel e Teerã. A operação elevou dramaticamente o risco de uma escalada regional, após dias de trocas de ataques e ameaças mútuas.

Natanz, localizada na província de Isfahan, era a maior instalação de enriquecimento de urânio do país. O complexo abriga milhares de centrífugas IR-1 e modelos mais avançados, responsáveis por elevar o nível de enriquecimento do urânio a até 60%. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), grande parte do urânio altamente enriquecido do Irã estava concentrado nessa unidade, o que a tornava um dos alvos mais sensíveis do programa nuclear iraniano.

Fordow foi construída dentro de uma montanha próxima à cidade de Qom, a instalação opera centrífugas em ambiente subterrâneo e foi projetada para resistir a ataques aéreos. Após a saída dos EUA do Acordo Nuclear de 2015, Fordow retomou atividades com maior intensidade, sendo hoje um símbolo da capacidade iraniana de manter seu programa mesmo sob ameaça militar.

Vista aérea das instalações nucleares de Natanz e Isfahan, atacadas pelos EUA no sábado (21). Fotomontagem

Já a instalação de Isfahan — também na província de mesmo nome — teve papel fundamental na cadeia do ciclo do combustível nuclear iraniano. Ela era responsável pela conversão de urânio, uma etapa crucial para a produção de combustível nuclear e também para o posterior enriquecimento. Além disso, segundo a AIEA, cerca de 90% do estoque de urânio altamente enriquecido do país estava armazenado ali até 2022. O ataque a Isfahan, portanto, não visou apenas a estrutura técnica, mas também o coração do estoque estratégico iraniano.

A ofensiva contra essas três unidades foi vista como um golpe direto à capacidade operacional e simbólica do Irã em manter seu programa nuclear. Além de abrigarem tecnologia de ponta, essas instalações representam a resistência de Teerã frente às sanções e ameaças externas. O governo iraniano insiste que seu programa é pacífico, mas o grau de sofisticação e proteção das estruturas levanta suspeitas sobre possíveis usos militares do material enriquecido.

Com esses ataques, os Estados Unidos assumem abertamente um papel militar no conflito que, até então, vinha sendo liderado por Israel. Bombardear Fordow, Natanz e Isfahan não é apenas um ato de força, mas uma ação com peso estratégico profundo. As consequências podem reverberar por todo o Oriente Médio, afetando não só a estabilidade regional, mas também as relações internacionais envolvendo aliados do Irã, como Rússia e China, que já alertaram sobre os riscos de uma escalada global.

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Last Update: 21/06/2025