O enoturismo vem ampliando o fluxo de visitantes e a atividade econômica na Serra da Mantiqueira, região que articula agricultura de altitude, gastronomia e turismo de experiência.
Levantamento da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo e do Centro de Inteligência da Economia do Turismo mostra que, desde a criação das Rotas do Vinho, 82% das vinícolas registraram aumento de público, com crescimento médio de 27% no número de visitantes.
Além disso, o gasto médio por turista chegou a 204 reais, com expectativa de avanço até o fim do ano. Nesse contexto, o enoturismo passou a ocupar posição estratégica no interior paulista, estimulando projetos que combinam produção agrícola, visitação e oferta gastronômica.
Serra da Mantiqueira ganha destaque no enoturismo
A Serra da Mantiqueira consolidou-se como polo do enoturismo ao integrar vinícolas, olivais e circuitos gastronômicos ao território de montanha. A diversidade de rótulos e produtos derivados da agricultura local ampliou o interesse por experiências ligadas à origem e ao processo produtivo.
Esse movimento favoreceu iniciativas que conectam produção e hospitalidade, como a Vinícola Essenza, localizada em Santo Antônio do Pinhal, no interior paulista. O projeto integra as Rotas do Vinho de São Paulo, que reúnem 66 vinícolas em diferentes regiões do estado.
Enoturismo: Herbert Sales, proprietártio Vinícola Esseza e produtor de vinhos e azeites da Serra da Mantiqueira – Foto: Régis Silva
Vinícola Essenza integra produção e visitação
Instalada a 14 quilômetros do centro de Santo Antônio do Pinhal, a Vinícola Essenza recebe visitantes em um espaço voltado ao enoturismo, com visitas técnicas, degustações e loja de produtos regionais. O percurso apresentado ao público conecta o cultivo à experiência de consumo.
Segundo Herbert Sales, fundador e produtor da vinícola, a proposta é evidenciar a relação entre produto e território. “Cada garrafa representa um conjunto de fatores ligados à Serra da Mantiqueira”, afirma.
A Essenza mantém duas propriedades produtivas. Uma está em Santo Antônio do Pinhal, voltada à recepção dos visitantes. A outra fica em Maria da Fé, em Minas Gerais, onde estão o olival mais alto do mundo e o vinhedo mais alto do Brasil, a 1.910 metros de altitude.
Altitude orienta vinhos e azeites
As condições de montanha influenciam diretamente o manejo agrícola adotado pela Essenza. Segundo o produtor, o trabalho técnico busca interpretar solo, clima e variedades cultivadas para alcançar equilíbrio nos produtos.
Em 2025, quatro rótulos da vinícola receberam medalha de Bronze no Decanter World Wine Awards: Espumante Rosé Extra Brut, Mantikir Merlot 2024, Mantikir Pinot Noir 2024 e Mantikir Alvarinho 2024. O público também tem acesso a azeites produzidos a partir das variedades Koroneiki, Grappolo, Arbequina e Coratina.
A atuação em dois territórios reforça a integração regional da Mantiqueira dentro do enoturismo. “Maria da Fé concentra a produção e Santo Antônio do Pinhal acolhe o visitante”, explica Herbert.
Experiências gastronômicas ampliam o enoturismo
Durante a visita, os participantes podem aderir a experiências estruturadas, como a Experiência Essenza. Em dezembro, a vinícola lançou um novo menu enogastronômico que combina culinária francesa com ingredientes da Mantiqueira.
Batizada de Estação Franco Mantikir, a proposta inclui menu em quatro etapas harmonizado com vinhos da própria vinícola e um tour pelo espaço. O roteiro começa com espumante e presunto cru produzido localmente, seguido por pratos à base de peixe branco, carne suína, filé mignon e sobremesa com café.
Segundo Herbert, o objetivo é apresentar o ciclo completo da produção. “Do cultivo ao prato, tudo reflete o mesmo solo e o mesmo clima”, afirma.
Ao conectar visitação, produção e gastronomia, o enoturismo na Serra da Mantiqueira amplia a circulação econômica, fortalece produtores locais e reposiciona o território como destino associado à agricultura de altitude e à experiência regional.