O Brasil atravessa mais uma encruzilhada histórica. O imperialismo estadunidense, sob a liderança de Donald Trump, tenta intervir de forma brutal na soberania brasileira, aliando-se ao bolsonarismo e a setores da direita nacional. Os ataques ao PIX, às terras raras, à Amazônia, às nossas instituições democráticas e até mesmo às vidas de Lula, Alckmin e Moraes demonstram a gravidade do momento. Não se trata de um episódio isolado, mas de uma ofensiva prolongada do fascismo global contra os povos do Sul.
Ao mesmo tempo, o governo Lula vem demonstrando que é possível reconstruir o Brasil com justiça social, retomando programas que mudam a vida do povo: Bolsa Família ampliado, Pé de Meia, isenção da conta de luz, Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Novo PAC, maior Plano Safra da história. O Brasil voltou a sair do mapa da fome, recuperou empregos e dignidade, retomou a esperança.
Mas não podemos nos enganar: a extrema-direita não está derrotada. Assim como em 2016, quando o golpe contra Dilma abriu caminho para o avanço do neoliberalismo e da extrema-direita, seguimos diante de poderosos inimigos internos e externos. A experiência dos últimos anos mostrou os limites da conciliação e da aposta exclusiva nas instituições. Só a mobilização popular organizada pode garantir que avancemos.
O Diretório Nacional do PT, recém empossado, tem diante de si tarefas urgentes e inadiáveis. Cabe a nós aprofundar o enraizamento popular do partido, fortalecer a mobilização social e disputar os rumos do país em um cenário de intensas ofensivas da extrema direita e de pressões internacionais sobre nossa soberania.
Não há dúvida que nossa principal tarefa é reeleger o presidente Lula em 2026 e, para isso, precisamos construir maioria na sociedade, disputando ideias, mentes e corações. Também será nossa tarefa mudar a correlação de forças no Congresso Nacional, ampliando as bancadas do PT no Senado e na Câmara, mas igualmente fortalecendo toda a esquerda e o campo democrático-popular. Só com uma base parlamentar mais sólida será possível sustentar as transformações que o povo brasileiro tanto necessita e blindar o projeto democrático contra os ataques da extrema direita.
Este é o momento de unir a militância, renovar energias e reafirmar o compromisso histórico do PT com a democracia participativa, a justiça social e a transformação do Brasil.
Enfrentar Trump e o fascismo global
O inimigo que enfrentamos hoje não é apenas interno. Trump tenta sabotar o Brasil porque Lula recolocou o país no centro do debate global: fortalecendo os BRICS, defendendo a Amazônia, denunciando o genocídio palestino, combatendo a fome e reafirmando a soberania nacional.
Derrotar o pacto entre Trump, Bolsonaro e a direita brasileira é uma tarefa de todo o povo, mas o PT deve estar na linha de frente, construindo a frente ampla democrática e nacional, organizando mobilizações permanentes e defendendo as conquistas do governo Lula.
Isso exige ampliar a luta nas ruas e nas redes, mobilizar pela Reforma da Renda, que põe os pobres no orçamento e os ricos no Imposto de Renda , organizar o Plebiscito Popular, lutar contra a anistia a golpistas, engajar-se na COP30 na Amazônia e nas lutas por soberania no 7 de Setembro!
Um balanço necessário
O golpe de 2016, a prisão ilegal de Lula e a ascensão de Bolsonaro demonstraram que a burguesia brasileira não hesita em rasgar a Constituição quando seus interesses são ameaçados. A Lava Jato, coordenada com o aparato dos EUA, foi peça central para destruir a soberania nacional e criminalizar o PT.
Ao mesmo tempo, também é preciso reconhecer que muitas vezes o partido se acomodou ao sucesso eleitoral, deixou de investir na organização de base, negligenciou sua comunicação própria e suas políticas de formação política. A aposta na conciliação com o capital financeiro e nas instituições “neutras” mostrou-se um erro.
A lição é nítida: não podemos abrir mão da estratégia de mobilização social e de um programa de organização dos trabalhadores e das trabalhadoras. A saída é pela esquerda, com luta e organização.
Saída pela esquerda, saída pela mobilização
O PT não pode se limitar à gestão institucional. Nossos governadores, prefeitos e parlamentares devem ser mais do que bons administradores: precisam ser referências na disputa ideológica, liderar mobilizações contra retrocessos e mostrar que outro mundo é possível.
A história já nos ensinou: o enfrentamento ao fascismo e ao neoliberalismo exige coragem, organização e enraizamento social.
O PT que precisamos construir
O PT nasceu da auto organização da classe trabalhadora no final da ditadura e se tornou o maior partido popular da história do Brasil. Mas, para enfrentar os desafios de hoje, precisamos atualizar nossa forma de organização.
Isso significa:
– Fortalecer a base militante: núcleos com poder deliberativo, diretórios vivos nos territórios, sedes nas periferias, comitês populares permanentes.
-Fortalecer a ideia de um partido de massa, mas de massa militantes: pedagógico, democrático, transparente, capaz de disputar corações e mentes.
-Colocar feminismo e antirracismo no centro da estratégia: não há socialismo sem feminismo, nem transformação sem enfrentar o racismo estrutural. Mulheres, negras, negros, indígenas, juventude e população LGBT precisam estar na linha de frente e nas direções com poder real.
-Fortalecer a formação política é uma tarefa fundamental para o PT neste novo período. Ela deve ser combinada com um programa e um objetivo coletivo, capaz de preparar novos quadros, reconectar-nos com a juventude e dialogar de forma criativa e permanente com os trabalhadores e trabalhadoras de um mundo do trabalho cada vez mais precarizado. A formação é chave para consolidar nossa identidade, atualizar nossas estratégias e garantir que o partido siga enraizado nas lutas populares e conectado com as transformações da sociedade brasileira.
-É decisivo que o PT aposte na comunicação digital como instrumento estratégico da luta política. Isso significa ocupar, ao mesmo tempo, as redes e as ruas, combinando monitoramento diário, respostas rápidas, linguagem renovada e comunicação popular. Esse esforço passa também pelo enfrentamento às big techs, que muitas vezes atuam contra a soberania nacional, alimentam discursos de ódio e priorizam a lógica do lucro em detrimento da democracia. Nossa voz precisa chegar de forma direta e mobilizadora ao povo brasileiro, enfrentando as fake news da extrema direita e fortalecendo o diálogo com a sociedade sobre o projeto democrático e popular que estamos construindo.
-Garantir transparência e participação: inclusive na política de finanças, para fortalecer o partido como instrumento coletivo.
-Esse é o PT que pode ser direção e esperança organizada da classe trabalhadora. Um partido que aprende com sua história, enfrenta os desafios do presente e projeta o futuro com coragem, democracia e compromisso popular.
O futuro começa agora: rumo ao 8º Congresso do PT
O 8º Congresso do PT precisa ser um divisor de águas: reafirmar nossa estratégia socialista, atualizar nosso programa de reformas estruturais e fortalecer a militância. Precisamos ser novamente o partido que forma, que organiza, que disputa valores e que mobiliza milhões.
A construção do amanhã começa agora, ampliando as bases do PT, atualizando nossa estratégia, renovando nossas direções e colocando a militância em movimento. É nas ruas, nas redes e nos territórios que derrotaremos o fascismo e o neoliberalismo.
O Brasil precisa do PT. E o PT precisa estar à altura de sua história!
Viva o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras!
Camila Moreno é doutoranda em Educação pela UNIRIO e membro da Direção Executiva Nacional do PT