Com a agudização da crise da dominação imperialista no Oriente Médio causada pela operação Dilúvio de al-Aqsa e marcada pela degradação profunda da estabilidade da entidade sionista na Palestina ocupada, a pressão do bloco imperialista sobre os países que se opõem à sua dominação tem aumentado significativamente, o caso mais importante no momento sendo o iraniano.
É sabido que a entidade sionista tem a primazia nuclear na região, e que esta primazia foi mantida até o momento com base numa aparente superioridade militar, garantida pelo imperialismo. Podemos citar, por exemplo, os bombardeios realizados contra usinas nucleares em construção no Iraque de Saddam Hussein, nos anos oitenta. No entanto, com a demonstração de fraqueza frente à resistência palestina, e o bem-sucedido ataque realizado pelos iranianos no ano passado, esta situação mudou radicalmente.
Do ponto de vista militar convencional, o Irã é hoje um problema para o imperialismo e para seu cão de guarda na região, o sionismo. Além disso, a campanha de assassinatos levada adiante pelos sionistas neste século contra cientistas iranianos trabalhando no programa nuclear nacional se mostrou um fracasso em freá-lo. A única “solução” viável no momento é então um acordo, que, pelos parâmetros da situação, já é uma impossibilidade, pelo menos de um ponto de vista concreto.
Segundo a emissora libanesa Al Mayadeen, a resolução preliminar proposta pelos países imperialistas demanda o Irã a
- Fornecer explicações tecnicamente credíveis para a presença de partículas de urânio de origem humana em dois locais não declarados no Irã.
- Informar a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) sobre os locais atuais de materiais nucleares e equipamentos contaminados.
- Conceder à AIEA acesso aos locais e materiais solicitados, bem como permitir a coleta de amostras conforme considerado necessário pela agência.
- Enfatiza que o fornecimento dessas informações e acesso pelo Irã, seguido pela subsequente verificação da AIEA, é essencial para que o Secretariado resolva as questões pendentes.
- Exorta o Irã a solucionar prontamente seu descumprimento dos acordos de salvaguardas, tomando todas as medidas consideradas necessárias pela AIEA e pelo Conselho de Governadores.
- Reafirma o apoio a uma resolução diplomática para as preocupações relacionadas ao programa nuclear iraniano, levando a um acordo que aborde todas as questões internacionais referentes às atividades nucleares do Irã.
O contraste para com o tratamento da entidade sionista é interessantíssimo: “Israel” não é membro do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e nunca permitiu que as instalações nucleares nas proximidades de Dimona fossem inspecionadas pela AIEA! Trata-se evidentemente de uma tentativa de intimidar o governo iraniano, particularmente pelo papel progressista cumprido ao liderar o Eixo da Resistência.
Por outro lado, nem mesmo um funcionário do imperialismo como Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, confirma que haja indicações de um “programa nuclear iraniano não pacifico”:
“Encontramos alguns problemas, mas não há evidências conclusivas que sugiram a existência de um programa nuclear não pacífico,” disse Grossi, acrescentando que a AIEA não faz acusações, mas sim investiga com base em descobertas factuais. “As alegações de que o programa nuclear do Irã não é pacífico não podem ser verificadas. Não há acusações; estamos falando de certos relatórios.”
O mesmo Grossi também reconheceu para a imprensa sionista a impossibilidade de destruição do programa nuclear iraniano, dado o seu amplo desenvolvimento. Podemos interpretar como uma mensagem do imperialismo aos sionistas de que não façam nenhuma loucura. Estão entre a cruz e a espada. Outra evidência é a colocação do presidente norte-americano Donald Trump:
“Eu disse a ele [Netaniahu] que seria inadequado fazer isso [atacar instalações nucleares iranianas] agora porque estamos muito perto de chegar a uma solução… Isso pode mudar a qualquer momento.”
O panorama se complicou ainda mais para o sionistas com a aquisição de enorme quantidade de informação sensível acerca do seu próprio programa nuclear por meio da inteligência iraniana. A IRIB (Radiotelevisão da República Islâmica do Irã) citou o Conselho Supremo de Segurança Nacional afirmando:
“Hoje, o acesso a essas informações… permitiu que os guerreiros do Islã dessem uma resposta claramente proporcional a um possível ataque do regime israelense contra as instalações nucleares do país [Irã], atacando imediatamente as instalações nucleares secretas de Israel, bem como qualquer tipo de dano à infraestrutura econômica e militar [do Irã], dependendo do tipo de agressão.”
É uma possibilidade também de que os países imperialistas levem a questão ao Conselho de Segurança da ONU. No entanto, dado o direito de veto tanto dos russos quanto dos chineses, é muito improvável que mesmo ali alguma resolução, que ultrapasse uma colocação protocolar, seja aprovada. Exauridos meios “diplomáticos” e dada a impossibilidade, pelo menos momentânea, de uma guerra contra o Irã, a Revolução de 1979, e o seu programa nuclear, permanecerão.