Endividamento, crédito negado e jornada dupla travam o crescimento de mulheres empreendedoras

A jornada empreendedora das mulheres no Brasil continua marcada por entraves financeiros. Segundo pesquisa da Serasa em parceria com a Opinion Box, 87% das empreendedoras já foram ou estão negativadas. Além disso, 68% já tiveram pedidos de crédito recusados, o que limita o crescimento de seus negócios.

Os dados refletem a dificuldade estrutural de acesso a financiamento no país. Para a maioria das mulheres que tentam empreender, a falta de crédito impede tanto a superação de crises quanto os investimentos necessários para expansão e inovação.

Complemento de renda

Um estudo anterior da Serasa, realizado em 2024 com foco nas mulheres donas de pequenos negócios, apontou que 74% dessas empreendedoras precisaram realizar trabalhos informais para complementar a renda.

O dado revela que os negócios, muitas vezes, não geram renda suficiente para cobrir os custos básicos. A instabilidade financeira, nesse cenário, amplia o risco de endividamento e dificulta a formalização e o crescimento das atividades empreendedoras.

Falta de crédito é a principal barreira

De acordo com a pesquisa, 75% das mulheres empreendedoras já recorreram ao crédito para manter seus negócios. No entanto, a dificuldade de obter esse recurso é apontada por 35% das entrevistadas como o principal obstáculo à continuidade da atividade.

A ausência de financiamento acessível compromete não só a sobrevivência das empresas, mas também sua capacidade de crescer, contratar, inovar e contribuir de forma mais robusta para a economia.

Sobrecarga doméstica

Além dos desafios financeiros, as empreendedoras enfrentam barreiras relacionadas ao trabalho doméstico não remunerado. Segundo a pesquisa, 73% delas afirmam que a sobrecarga com tarefas do lar impacta negativamente o desempenho do negócio.

A gestão da “dupla jornada” consome tempo que poderia ser investido na administração da empresa, na captação de clientes e em atividades de capacitação. Isso agrava a desigualdade estrutural e limita as chances de crescimento sustentável dos negócios liderados por mulheres.

Educação financeira e apoio são caminhos

A Serasa defende que, para transformar esse cenário, é necessário ampliar o acesso a ferramentas de educação financeira e gestão. O levantamento tem como objetivo estimular o debate sobre os desafios enfrentados pelas empreendedoras e reforçar a importância de políticas que promovam a inclusão produtiva com foco em autonomia econômica.

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