Deputada Lilian Behring recebe mães e especialistas em saúde para debater medidas de segurança e inclusão de alérgicos nos espaços educacionais
Um grupo de mães, composto por profissionais da saúde e da comunicação, foi recebido na última terça-feira, 3, no gabinete da deputada estadual Lilian Behring (PCdoB), na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O encontro teve como objetivo iniciar o debate em torno da criação de uma legislação estadual voltada à segurança e inclusão de crianças, adolescentes e adultos com alergias alimentares, mediadas ou não mediadas por IgE, nos espaços educacionais e públicos.
As representantes do grupo – Ana Karine Brum, Karinne Cristinne da Silva Cunha, Débora Cristina Mendonça e Cláudia Messias, vinculadas ao Laboratório de Qualidade e Segurança do Paciente (LabQualiSeg) da Universidade Federal Fluminense (UFF), e a jornalista Flávia Ribeiro Nunes Pizelli – relataram as inúmeras dificuldades enfrentadas por famílias de alérgicos. Elas destacaram a ausência de protocolos claros de atendimento, falta de capacitação das escolas, e a inexistência de uma rede de apoio que garanta a segurança e a permanência desses estudantes em ambientes de ensino.
Segundo o grupo, apesar da existência de leis que determinam campanhas de conscientização sobre o tema, ainda não há uma política pública robusta que garanta o cuidado seguro necessário nos locais onde crianças, adolescentes e adultos passam a maior parte do tempo: as escolas e as universidades.
“A realidade das famílias de crianças e adolescentes com alergias alimentares é invisibilizada. Estamos falando de um problema de saúde pública que pode levar à morte em minutos e que, mesmo assim, ainda não é tratado com a seriedade que merece no Brasil. É urgente criar uma legislação que ampare essas famílias e capacite os profissionais da educação e da saúde para o atendimento adequado”, afirmou a deputada Lilian Behring, que, além de enfermeira, é suplente na Comissão de Saúde da Alerj.
O grupo destacou ainda que muitos dos óbitos por anafilaxia poderiam ser evitados com protocolos simples de identificação e socorro, como a adoção de um plano individualizado de emergência, capacitação de professores e funcionários, e a disponibilização da caneta de adrenalina (epinefrina autoinjetável) nas unidades escolares. Este dispositivo, embora fundamental, ainda não é liberado para venda no Brasil, dificultando o acesso das famílias.
Além da atuação como mães, as participantes do encontro têm experiência direta na promoção de políticas de segurança do paciente. Ana Karine Brum é mãe de um jovem com alergia alimentar mediada por IgE, condição que exige atenção permanente. Já Karinne Cunha é mãe de uma criança que vive com uma síndrome que leva ao choque hipovolêmico, conhecida como FPIES. Débora Mendonça é mãe de uma criança não mediada por IgE. E Flávia Pizelli tem três filhos com alergias alimentares. Todas compartilharam vivências similares, marcadas por medo constante e barreiras estruturais à inclusão.
“Estamos procurando a deputada Lilian Behring porque sabemos do seu compromisso com o direito à saúde e à educação. Ela é enfermeira, entende a importância da atuação da enfermagem em espaços que ainda não contemplam esse profissional, como as escolas de todos os níveis. Muitas mães têm nos procurado desesperadas, diante de casos em que a escola se recusa a manter a caneta de adrenalina, e isso pode custar vidas. Em uma anafilaxia, o tempo de espera do socorro pode ser fatal. A Lilian compreende que não basta promover saúde apenas nos hospitais — é preciso garantir proteção e prevenção de agravos também nos ambientes educacionais, onde essas crianças vivem e aprendem. Precisamos construir uma cultura do cuidado seguro e de segurança alimentar e inclusão, envolvendo professores, merendeiras, pais e toda a comunidade escolar, para que nossas crianças não sejam excluídas e nem colocadas em risco todos os dias”, defende Ana Karine.
O grupo também sugeriu à deputada a criação de um grupo de trabalho conjunto entre as áreas da saúde e educação, com foco na construção de uma legislação que assegure ambientes escolares seguros, protocolos obrigatórios de emergência, formação continuada para profissionais da rede pública e privada, além de campanhas permanentes de conscientização.
“Não podemos continuar tratando essas situações como exceção. Crianças estão morrendo por falta de informação, preparo e estrutura. É inadmissível que, em pleno 2025, ainda haja escolas que se recusem a manter um protocolo de emergência para alergias alimentares. O que estamos discutindo aqui não é privilégio, é sobrevivência. Como profissional da saúde, como parlamentar e como cidadã, me sinto na obrigação de ajudar a transformar essa realidade”, declarou Lilian Behring.