Os casos de assédio eleitoral nas eleições de 2022 tiveram um grande salto com ações criminosas da extrema direita. Os bolsonaristas tentaram de tudo, mas não conseguiram evitar a vitória do presidente Lula. Apesar disso, o fato chama a atenção e liga o alerta para 2026, ainda mais com o envolvimento na disputa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que visa desestabilizar a política nacional com o seu tarifaço.
De acordo com o relatório do Ministério Público do Trabalho (MPT), na eleição de 2022 foram registradas 3.145 denúncias de assédio eleitoral. No entanto, a quantidade está subestimada devido ao medo de muitos assediados, principalmente quando este tipo de crime acontece no ambiente de trabalho, pois muitos temem perder o emprego. Desse número foram feitos, ao menos, 560 termos de ajuste de conduta com os denunciados e foram abertas 105 ações civis públicas.
Em reportagem, a Folha de São Paulo teve acesso a 30 casos em que houve condenação contra os empregadores que buscaram constranger seus funcionários com o objetivo de beneficiar Jair Bolsonaro (PL) na disputa contra Lula.
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Nos exemplos citados na reportagem está o da SLC Agrícola S.A., do Piauí. A empresa foi condenada a pagar R$ 100 mil em danos morais coletivos, pois criou uma escala de trabalho para o segundo turno com a finalidade de dificultar a votação. No estado, Lula havia obtido quase três quartos dos votos no primeiro turno.
Já a empresa Fomentas, do Mato Grosso, teve que pagar R$ 50 mil, pois constrangeu funcionários com a exibição de vídeos com fake news contra Lula e ainda os fez segurar faixa de apoio a Bolsonaro, que agora está inelegível até 2030 e cumpre prisão domiciliar.
Nas instalações da Agronelli, de Minas Gerais, aconteceram reuniões sobre o pleito e foram realizadas ameaças de demissão, além de ser feita a distribuição de material de Bolsonaro nas mesas de trabalho. A empresa foi condenada a pagar R$ 10 mil a uma ex-funcionária.
Também em Minas, a Sada Bioenergia e Agricultura demitiu um funcionário que se recusou a utilizar um adesivo do candidato da extrema direita.
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Outra situação no estado indica a imposição de camisetas aos funcionários do Frigorífico Serradão, de Betim. Além de terem que trabalhar de “uniforme” com slogan do candidato que agora será julgado como líder da trama golpista a partir de 2 de setembro, os trabalhadores participaram de reuniões organizadas para a coação e tiveram a promessa de receber um pernil se comprovassem o voto no ex-capitão – prática de compra de voto, o que é considerado crime eleitoral.
Por sua vez, a Radiodoc, de São Paulo, também ameaçou os trabalhadores para que votassem em Jair e prometeu folga para os que participassem de evento de campanha bolsonarista.
Os aplicativos de mensagem também foram amplamente utilizados para o assédio. A Transben Transportes, do Paraná, foi punida por ter encaminhado vídeo aos funcionários com o pedido de voto.
No Espírito Santo, a Febracis pressionou para que uma funcionária votasse no adversário de Lula. A condenação no valor de R$ 10 mil ocorreu pela intimidação que chegou ao ponto de tratar a eleição como “guerra espiritual”, disputa entre o bem e o mal.
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Todas as empresas negaram as acusações que as levaram às condenações, algumas recorreram. Em pesquisa Datafolha na época da última eleição geral, 4% dos eleitores indicaram ter sofrido assédio eleitoral no local de trabalho. Porém, menos de 1% denunciou.
As denúncias de assédio eleitoral podem ser feitas pelo site do Ministério Público do Trabalho.