Empresas com boa pontuação de crédito nem sempre têm futuro garantido. Um estudo inédito da Serasa Experian indica que quase 20% dos negócios com Score PJ acima de 700 — considerados de baixo risco de inadimplência — apresentam, na verdade, alto risco de encerrar suas atividades nos próximos 12 meses.
Ao todo, segundo a Serasa Experian, a inadimplência potencial associada a essas empresas pode ultrapassar os R$ 195 milhões. A análise foi feita com base no cruzamento entre o novo Score PJ 4.0 e o Índice de Longevidade, ferramenta recém-lançada pela empresa para medir a continuidade dos negócios no Brasil.
Para o estudo, a Serasa considerou uma base nacional com cerca de dois milhões de CNPJs ativos. A principal descoberta é que o score de crédito elevado não garante a sobrevivência da empresa, o que pode gerar prejuízos consideráveis a fornecedores e credores.
Além disso, o levantamento mostrou que 28% das empresas com Score PJ abaixo de 400 — ou seja, com alto risco de inadimplência — também apresentam baixa longevidade. Isso reforça o alerta sobre a necessidade de avaliar mais do que apenas o histórico de crédito.
De acordo com Giresse Contini, diretor de Serviços de Crédito da Serasa Experian, o comportamento de pagamento não deve ser o único critério. “Quase 17% das empresas analisadas possuíam score alto, mas com alta probabilidade de fechamento em até um ano. Saber se o cliente conseguirá pagar é importante, mas entender se ele permanecerá ativo é ainda mais decisivo”, explica.
O novo modelo de Score PJ 4.0 utiliza técnicas de modelagem mais avançadas. A pontuação passa a considerar também o Score PF 4.0 dos sócios, além de dados do Cadastro Positivo de Telecomunicações e Utilities. Já o Índice de Longevidade complementa a análise, apontando a probabilidade de encerramento das atividades nos próximos 12 meses.
Com a combinação dessas ferramentas, a Serasa consegue indicar prazos mais adequados de pagamento conforme o risco. Para empresas com alta pontuação, mas baixa longevidade, o recomendado é um prazo mais curto. Já para aquelas com melhor projeção de permanência, são sugeridas condições mais flexíveis.
Para Giresse Contini, a informação precisa é o que reduz o risco nas decisões. “Quando os valores são altos, os prazos são longos e o apetite ao risco é elevado, entender o potencial de continuidade é estratégico. Nosso objetivo é fornecer dados que deem mais segurança na concessão de crédito e nas negociações com fornecedores.”
O levantamento, segundo a Serasa, foi realizado a partir da média das informações do Cadastro Positivo, projetando os dados para a realidade nacional. O estudo reforça a importância de ir além do Score tradicional ao avaliar riscos nas relações empresariais.