Vanderson de Melo, conhecido por suas palestras motivacionais e por exibir carros de luxo nas redes sociais, tornou-se alvo de investigação após o desaparecimento de 40 caminhões pertencentes a uma empresa do setor logístico. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 30, pelo portal Metrópoles. O caso envolve a empresa de Melo, o Grupo Brasil Novo, que firmou contrato de locação dos veículos em 2020 e acumula dívida de R$ 7,2 milhões com a locadora.

O inquérito aponta que, além de deixar de pagar pelo aluguel, a empresa teria articulado ações para ocultar parte da frota. As medidas incluiriam troca de placas, desativação de rastreadores e envio dos veículos para áreas remotas, dificultando o cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão.

Vanderson tem forte presença nas redes sociais e já foi elogiado publicamente por Pablo Marçal em eventos motivacionais. Em 2024, Marçal afirmou: “Ele era motorista de caminhão. Hoje, ele tem uma das maiores empresas da América Latina de logística. Esse ano de 2024, já vai bater 2 mil placas de carreta, caminhão, os trem doido (sic)”. A relação entre os dois não se limitou ao ambiente empresarial. Melo acompanhou Marçal em agendas políticas durante a campanha à Prefeitura de São Paulo, incluindo eventos, debates e encontros informais.

Veículos desaparecidos e ações judiciais

Desde o início do contrato, os caminhões nunca foram devolvidos. De acordo com os autos, a Justiça determinou diversas diligências para localizar os veículos. Até o momento, 18 continuam desaparecidos e outros 22 foram encontrados em situações descritas como tentativas de burlar determinações judiciais.

Em junho, durante ação de recolhimento realizada por advogados da empresa locadora, funcionários do Grupo Brasil Novo foram flagrados em Barueri (SP) retirando as placas dos caminhões às pressas. Um oficial de Justiça acompanhava a operação, que foi registrada em vídeo.

Dois caminhões com placas adulteradas foram apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal no Rio Grande do Sul. Após consulta com a seguradora, foi constatado que os veículos estavam sob bloqueio judicial em razão da dívida existente.

Outros veículos foram localizados em áreas isoladas nos estados do Pará, Maranhão, Mato Grosso e Santa Catarina. Alguns estavam escondidos sob lonas. Em uma das situações, dois caminhões foram vistos sendo transportados na carroceria de outro veículo, sem serem retidos pelas autoridades.

Posicionamento do empresário

Vanderson de Melo se pronunciou publicamente por meio das redes sociais em 23 de junho. Em vídeo, afirmou que sua empresa enfrenta dificuldades financeiras, mas não comentou diretamente os relatos de adulteração e ocultação dos caminhões. “Estamos tomando todas as medidas possíveis por todas essas barbaridades que estão falando por aí”, disse.

O empresário também associou as acusações ao seu nível de visibilidade. “Quando se faz algo que tem uma trajetória de sucesso, ninguém dá muita importância. Agora, quando acontece qualquer deslize ou qualquer momento pontual realmente de dificuldade, todo mundo joga a primeira pedra.”

Apesar da fala, as investigações prosseguem em diferentes frentes. A polícia e a Justiça mantêm processos abertos sobre o desaparecimento dos veículos e possíveis crimes de fraude e descumprimento de decisões judiciais. A empresa locadora também deve apresentar novos documentos em juízo nas próximas semanas.

Repercussão nas redes e ambiente político

A associação de Vanderson a Pablo Marçal ampliou o alcance do caso nas redes sociais. Vídeos antigos de eventos em que os dois aparecem juntos circulam em perfis de diversas plataformas. Além da campanha eleitoral, Vanderson esteve ao lado de Marçal em momentos pessoais, como viagens e atividades recreativas.

Até o momento, Marçal não comentou publicamente o caso. O envolvimento de Melo em eventos de campanha e o destaque que recebeu como exemplo de superação empresarial geraram questionamentos em setores políticos e entre apoiadores do ex-candidato.

Próximos passos do processo

O caso continua sendo apurado em esferas cível e criminal. A localização dos caminhões remanescentes é considerada prioridade pelos investigadores. Novas ações de busca estão sendo preparadas com apoio de órgãos de segurança estaduais e federais. O Ministério Público também acompanha os desdobramentos para avaliar eventual denúncia formal.

A empresa de locação dos veículos, responsável pela ação judicial, afirma que os prejuízos podem ultrapassar os R$ 10 milhões com a atualização de valores, considerando multas contratuais, custos logísticos e perdas operacionais.

Enquanto isso, Vanderson de Melo permanece em liberdade. As autoridades não confirmaram se há pedido de prisão em curso, mas a defesa do empresário deve ser chamada a prestar novos esclarecimentos.

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Last Update: 02/07/2025