O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Luís Carlos, utilizou um jatinho particular de empresários com conexões financeiras ao governo paulista. A aeronave pertence às empresas Farm Empreendimentos Imobiliários, de José Romano Netto, e G5K Participações, de Sérgio Comolatti, conforme revelou a revista Piauí.
José Romano Netto, conhecido como Zeca Romano, é membro do conselho de administração da Mondopass S.A., empresa ligada à Autopass, responsável pela bilhetagem eletrônica do transporte público na Grande São Paulo. A Autopass é contratada indiretamente por associações que incluem o Metrô e a CPTM, o que já foi alvo de questionamentos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Nos últimos anos, a Autopass movimentou aproximadamente R$ 5 bilhões em receitas de tarifas de transporte público, através do cartão TOP. Além disso, a empresa recebeu valores de quatro secretarias estaduais em 2024, incluindo a Segurança Pública.
Outro vínculo relevante é com a Via Nova Serviços, da qual a Mondopass é sócia. A Via Nova recebeu cerca de R$ 9 milhões do governo paulista este ano, sendo parte desse valor oriundo da Secretaria de Segurança Pública, pasta de Luís Carlos.
Zeca Romano também está ligado à Diastur Turismo, prestadora de serviços de transporte escolar para a Secretaria de Educação. De 2021 até o momento, a empresa recebeu quase R$ 15 milhões em empenhos do governo paulista, segundo o portal da transparência.
Sérgio Comolatti, sócio da empresa dona do jatinho, possui um conglomerado no setor automotivo, que já forneceu pneus e viaturas para a polícia paulista em administrações anteriores. No entanto, não foram identificados contratos com o governo atual.
O uso do jatinho por Luís Carlos gerou críticas na Assembleia Legislativa (Alesp). O deputado Paulo Fiorilo (PT) apresentou uma representação ao procurador-geral de Justiça, pedindo investigação sobre eventuais prejuízos ao erário público e possível conflito de interesse.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que “o uso de aeronave particular não configura irregularidade” e que as viagens do secretário em compromissos oficiais seguem os requisitos legais. Já a Autopass e José Romano Netto não responderam aos contatos da reportagem.
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