
Por Ana Oliveira e Felipe Borges
O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, preso pelo assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, 44, em Belo Horizonte, acumula histórico criminal que inclui a morte de uma mulher em um acidente de trânsito no Rio de Janeiro, crimes de lesão corporal, extorsão e perseguição.
Em 2011, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, Renê dirigia em alta velocidade quando atingiu o veículo de uma mulher de 50 anos. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado como homicídio culposo — quando não há intenção de matar.
O empresário também foi processado por agredir uma mulher em Belford Roxo, município da Baixada Fluminense, e chegou a ser encaminhado ao Juizado Especial Criminal. Outros registros apontam seu envolvimento em crimes de extorsão e perseguição.
Prisão mantida pela Justiça mineira
Nesta quarta-feira (13), a Justiça converteu a prisão em flagrante de Renê em prisão preventiva, atendendo a um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A medida não tem prazo para expirar. O acusado será transferido para um presídio comum, após ter permanecido no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) da Gameleira enquanto aguardava audiência de custódia.
Ele é investigado por homicídio duplamente qualificado — por motivo fútil e por recurso que impossibilitou a defesa da vítima — e por ameaça contra a motorista do caminhão de coleta de lixo que acompanhava Laudemir no momento do crime.
O crime
Na manhã de segunda-feira (11), por volta das 9h, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, um caminhão de coleta de lixo estava parado quando um carro BYD cinza se aproximou na direção contrária. O motorista, identificado como Renê, teria sacado uma arma e ameaçado a condutora do caminhão, afirmando que “iria atirar na cara” dela.
Em seguida, ele disparou contra Laudemir, que estava trabalhando na coleta. O gari foi atingido no tórax e encaminhado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu.
Após o crime, Renê fugiu. Foi localizado pela Polícia Militar no mesmo dia, enquanto se exercitava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Segundo testemunhas, deixou o local do crime com “semblante de bravo” e sem demonstrar arrependimento.
A vítima
Descrito por familiares e colegas como trabalhador, pacífico e dedicado à família, Laudemir deixou esposa, uma filha de 15 anos e enteadas. Trabalhou por anos na Localix Serviços Ambientais e era querido no bairro.
No velório, realizado na terça-feira (12) na Igreja Quadrangular de Nova Contagem, a esposa, Liliane França, cobrou justiça: “O Lau não voltou. Me devolveram o Lau no caixão. Não pode ficar assim.” A mãe do gari passou mal durante a cerimônia e precisou ser levada ao hospital.
Ivanildo Gualberto Lopes, sócio-proprietário da Localix, afirmou que Laudemir tentava apaziguar a confusão no trânsito quando foi atingido. “Estamos clamando por justiça. A nossa categoria é muito forte. Então não mexa com os garis.”
A investigação
Segundo o delegado Evandro Radaelli, da Polícia Civil, a identificação do suspeito ocorreu a partir da placa do veículo e de testemunhas que o reconheceram pelo porte físico. Imagens de câmeras de segurança e laudos balísticos também integram o inquérito.
Renê não possuía porte de arma, segundo a investigação, e afirmou que o revólver usado no crime pertencia à sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino. A Corregedoria da Polícia Civil investiga se houve falha na guarda da arma, uma pistola calibre .380 já recolhida para perícia.
A delegada, de acordo com a Polícia Civil, não sabia que o marido era suspeito de assassinato até o momento da prisão dele.
O caso segue sob investigação, com inquérito aberto para apurar todas as circunstâncias do crime e possíveis responsabilidades adicionais.
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