O Ministério Público do Trabalho (MPT) está investigando a G4 Educação, empresa fundada pelo empresário Eduardo Gomes, após diversas denúncias de assédio moral e jornadas exaustivas em ambiente corporativo. Desde a última terça, o CEO da empresa, está sendo alvo de críticas por declarações polêmicas sobre suas políticas de contratação e gestão.
Gomes viralizou nas redes sociais por afirmar que não contrata “pessoas com ideias conservadoras” por serem “mimizentos” e “não trabalham duro”. O CEO se apresenta como um “especialista em gestão” com a “missão de transformar a realidade cultural e socioeconômica do país através da educação empreendedora”.
Em participação no podcast “Café com Ferri”, o empresário também criticou o home office, afirmando que “não funciona”, e elogiou quem trabalha “até uma hora da manhã” e que seus funcionários precisam trabalhar até 80 horas por semana.
Tem tanta coisa neste vídeo que fica até difícil imaginar que ainda exista justiça do trabalho neste país!
Eduardo Gomes, CEO da G4 Educação, diz não contratar esquerdistas, mas acredite: isso é o que há de menos chocante na entrevista. pic.twitter.com/gFxovKic5V
— Andrade (@AndradeRNegro2) July 2, 2024
Apesar dessas declarações, a G4 Educação está sob o escrutínio do MPT por diversas denúncias de más práticas trabalhistas. Relatos de assédio moral e de jornadas de trabalho exaustivas foram apensados em processos distintos no Ministério. Vale lembrar que a Constituição Federal limita a carga semanal em 44 horas, sendo obrigatório um intervalo de pelo menos 12 horas entre duas jornadas e uma folga a cada 7 dias.
Em um site de emprego que divulga vagas e feedbacks sobre empresas, ex-funcionários descreveram a G4 como um “ambiente tóxico” em que “não existe espaço para crescer sem politicagem” e onde há uma “romantização da carga excessiva de trabalho”. Um ex-funcionário relatou que foi “demitido pós-burnout”, uma condição depressiva causada pelo esgotamento profissional.
“A turma que trabalha lá no G4 trabalha para c*ralho. A gente estava até 1 hora da manhã trabalhando e hoje, 8 horas da manhã, o escritório estava cheio. Saindo daqui, quando eu voltar, o escritório vai estar cheio de novo”, disse na entrevista.
Além da investigação no MPT, duas empresas de Gomes acumulam dívidas no valor de R$ 10,5 milhões em impostos, segundo a Lista de Devedores da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Além da G4, que deve R$ 5,5 milhões, a G40 Treinamentos e Cursos LTDA deixou de pagar R$ 5 milhões à Receita Federal.