A JL MAG Rare-Earth anunciou nesta quarta-feira, 10, a obtenção de licenças de exportação de terras raras para os Estados Unidos, Europa e Sudeste Asiático. O comunicado foi feito por meio da plataforma de relacionamento com investidores da Bolsa de Valores de Shenzhen, em resposta à implementação de novos controles de exportação pelo governo chinês.
Segundo a empresa, “após o anúncio dos controles de exportação impostos sobre terras raras médias e pesadas e itens relacionados, a empresa imediatamente realizou o trabalho de declaração de exportação de acordo com as regras relevantes”. A JL MAG acrescentou que não atua em negócios militares e que continuará “a cumprir rigorosamente as leis e políticas pertinentes”.
A JL MAG, sediada em Jiangxi, figura entre as registradas na bolsa como fabricante e vendedora de ímãs permanentes de terras raras. No primeiro trimestre de 2025, a empresa reportou exportações de 312 milhões de yuans (US$ 43,4 milhões), dos quais 122 milhões de yuans corresponderam a remessas para os EUA.
O anúncio coincidiu com o segundo dia de negociações entre autoridades chinesas e americanas em Londres, nas quais ambos os lados declararam ter “concordado em princípio” com uma estrutura comercial sujeita à aprovação de seus respectivos líderes. A definição de restrições chinesas à exportação de minerais essenciais figurou como ponto central nas discussões.
Em abril, a China implementou regra que exige licença prévia para exportar terras raras médias e pesadas. A medida surgiu após imposição de tarifas recíprocas pelo governo dos EUA, na gestão anterior. A iniciativa chinesa alcança elementos utilizados em componentes de smartphones, motores elétricos e sistemas de defesa. Segundo analistas, os EUA dependem de cerca de 70% desses elementos importados da China.
A JL MAG recebeu autorização para exportar materiais magnéticos, componentes e rotores de motor, conforme detalhou no comunicado:
“A JL MAG vai exportar materiais magnéticos, componentes e rotores de motor, de acordo com as licenças concedidas para Estados Unidos, Europa e Sudeste Asiático.”
Durante visita de Xi Jinping às instalações da JL MAG em 2019, o presidente chinês destacou “a importância estratégica dos elementos de terras raras” e pediu que as empresas “conquistassem os patamares de comando do desenvolvimento da indústria” por meio de “inovação tecnológica”, segundo nota da agência Xinhua. Na ocasião, Xi se reuniu com executivos da empresa para avaliar capacidade de extração e produção.
Após o comunicado, as ações da JL MAG fecharam em alta nos dois mercados em que a empresa está listada. Em Shenzhen, as ações encerraram a 24,07 yuans, um aumento de 7,89%. Em Hong Kong, o preço alcançou HK$ 19,78 (US$ 2,50), acréscimo de 1,96%.
Contexto das exportações
- Controles de exportação: a partir de abril de 2025, exportadores de terras raras médias e pesadas passaram a precisar de autorização prévia do governo chinês.
- Negociações comerciais: acordos em Londres visam estruturar comércio de tecnologias estratégicas entre China e EUA.
- Dependência americana: estimativas apontam que os EUA importam 70% de suas terras raras de média e alta densidade da China.
- Produção da JL MAG: empresa de Jiangxi, com volume de exportação de 312 milhões de yuans no primeiro trimestre de 2025.
- Mercados-alvo: Estados Unidos, Europa e países do Sudeste Asiático.
A obtenção das licenças ocorre em meio a debates sobre segurança de fornecimento de materiais para montagem de componentes eletrônicos. Autoridades americanas e europeias buscam diversificar sua base de suprimento, enquanto a China adota regras para monitorar vendas externas.
Repercussão no mercado
Investidores reagiram ao anúncio registrando alta nos preços das ações. Analistas destacaram que a decisão de conceder autorizações pode indicar compromisso do governo chinês em manter fluxo de exportação, ao mesmo tempo em que protege áreas consideradas sensíveis.
Para setores de tecnologia e defesa, o fornecimento de ímãs de terras raras é elemento chave em motores de aeronaves, veículos elétricos e turbinas eólicas. A capacidade da JL MAG de atender a esses mercados dependerá do prazo de validade das licenças e da definição de cotas anuais.
Próximos passos
O Ministério do Comércio da China ainda não detalhou critérios que serão usados para avaliar futuras solicitações de licença. A expectativa de importadores americanos e europeus é de que a experiência da JL MAG sirva de base para outros pedidos.
Enquanto isso, empresas de tecnologia nos EUA iniciam estudos para adaptação de processos de fabricação que demandam menor volume de terras raras, em linha com incentivos para reduzir exposição a riscos de fornecimento. A indústria automobilística europeia demonstra interesse em parcerias, mas aguarda publicação de diretrizes completas pelo governo de Pequim.
O movimento da JL MAG inaugura fase de monitoramento dos efeitos das novas regras chinesas e da resposta de compradores internacionais, junto a negociações de maior escala entre líderes dos dois maiores mercados globais de tecnologia.