O perfil de quem empreende no Brasil está mudando.
Segundo o Monitor Global de Empreendedorismo (GEM), 13,3% dos negócios abertos em 2024 foram criados por pessoas com mais de 55 anos.
Esse aumento acompanha duas tendências importantes: a maior expectativa de vida da população e a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho formal.
De acordo com o IBGE, a expectativa de vida no Brasil chegou a 77 anos em 2023. Em 1990, esse número era de 67 anos.
Com mais tempo de vida ativa e saúde, muitos brasileiros acima dos 60 anos buscam empreender como alternativa para manter a independência financeira e seguir produtivos.
Em muitos casos, a experiência acumulada se transforma em ativo importante para o sucesso do negócio.
Formalização e tecnologia ganham importância
Para Rafael Caribé, CEO da Agilize Contabilidade, empreender em qualquer idade exige planejamento, regularização e uso inteligente da tecnologia.
“Esse público busca manter-se economicamente ativo, muitas vezes por necessidade, mas também por desejo de continuar contribuindo com a sociedade”, afirma.
Segundo ele, o primeiro passo é formalizar o negócio.
A formalização permite emitir nota fiscal, acessar direitos previdenciários e atuar com maior segurança jurídica.
Nesse contexto, o modelo de Microempreendedor Individual (MEI) é uma das alternativas mais acessíveis para quem está começando.
No entanto, é preciso verificar se a atividade desejada está dentro das permissões legais do regime MEI.
Profissões regulamentadas, como médicos, engenheiros, arquitetos e advogados, não podem se registrar como MEI.
Por isso, o ideal é consultar previamente a lista de atividades no Portal do Empreendedor para evitar sanções e problemas futuros.
Adaptação ao digital vira diferencial competitivo
Além da regularização, a adaptação tecnológica tem sido outro ponto essencial para o sucesso dos empreendedores com mais de 50 anos.
Hoje, é possível automatizar vendas, gerenciar estoques, atender clientes por meio de chatbots e vender em plataformas de e-commerce.
“É essencial que o empreendedor 50+ esteja aberto ao aprendizado contínuo e à adoção de soluções digitais que facilitem sua rotina e melhorem os resultados”, reforça Caribé.
O aumento da conectividade entre os mais velhos também ajuda.
Atualmente, pessoas com mais de 60 anos acessam redes sociais, consomem conteúdo digital e fazem compras online.
Esse comportamento amplia as possibilidades de atuação em setores diversos, inclusive nos mais inovadores.
Experiência e flexibilidade ganham espaço
Para o CEO da Agilize, o empreendedorismo sênior é também reflexo da busca por novas formas de trabalhar e de se posicionar no mercado.
“A longevidade deixa de ser um fator limitador e passa a ser um motor para o empreendedorismo, que ganha novos rostos, novas faixas etárias e novas formas de atuação”, afirma.
Passo a passo para o empreendedor sênior iniciar um novo negócio
1. Tenha uma ideia baseada na sua trajetória
Observe problemas que você já enfrentou no setor onde atuou. Sua experiência pode ser o ponto de partida para uma solução de mercado.
2. Pesquise o mercado
Conheça o perfil dos seus potenciais clientes. Use dados do Sebrae, IBGE e outros canais para entender oportunidades e concorrência.
3. Verifique se a atividade é permitida como MEI
Consulte a lista atualizada no Portal do Empreendedor antes de iniciar o processo de formalização.
4. Formalize-se
Se a atividade for compatível, registre-se como MEI. Caso contrário, considere abrir uma microempresa com o suporte de um contador.
5. Use sua experiência a favor do negócio
Aplique o que aprendeu sobre processos, planejamento e atendimento ao cliente. Esses conhecimentos podem fazer diferença no dia a dia.
6. Invista em capacitação digital
Busque aprender a usar redes sociais, ferramentas de gestão e plataformas de venda online. Isso aumenta a visibilidade e melhora os resultados.
7. Procure apoio especializado
Instituições como o Sebrae oferecem cursos, consultorias e materiais gratuitos. Contadores e consultores também podem ajudar na estruturação do negócio.