No mês em que se celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, em 28 de junho, novos dados reforçam o protagonismo da comunidade no empreendedorismo brasileiro.
Segundo levantamento do Sebrae, divulgado em abril de 2025, cerca de 24% das 15 milhões de pessoas LGBTQIAPN+ com 16 anos ou mais já são donas de negócios no país.
Além disso, 11% estão em processo de criação de uma empresa e outros 20% têm planos de empreender nos próximos três anos.
Ao todo, mais da metade desse público está, de alguma forma, ligada ao universo empresarial.
Superando barreiras estruturais
Esse movimento reflete, entre outros fatores, as dificuldades enfrentadas pela comunidade no acesso ao mercado de trabalho formal.
Muitos empreendedores encontram no próprio negócio uma alternativa para conquistar autonomia financeira e construir um ambiente mais inclusivo.
Segundo o Sebrae, são aproximadamente 3,7 milhões de empresários LGBTQIAPN+ atuando no Brasil.
Histórias de empreendedorismo e representatividade
O casal Marco Aurélio Ribeiro e Jhony Ramos, por exemplo, investiu na Lavô, maior rede de lavanderias self-service do país.
Juntos há 12 anos, eles decidiram aplicar suas economias no negócio, motivados pela busca por um modelo com foco em tecnologia e impacto social.
Hoje, com quatro unidades em São Paulo, Osasco e Piracicaba, os empreendedores registram faturamento médio de R$ 85 mil por mês.
De acordo com Marco, empreender juntos fortaleceu a relação pessoal e profissional.
Já Jhony destaca a importância do planejamento e da gestão financeira no sucesso da operação.
Diversificação de formatos e oportunidades
Outro exemplo é Valéria dos Reis, de 59 anos, franqueada da Mr. Fit, rede de alimentação saudável.
Ela inaugurou sua unidade em Itaquera, Zona Leste de São Paulo, em parceria com a cunhada Débora Regina.
Segundo Valéria, a escolha foi uma oportunidade para conquistar independência financeira.
Mesmo nos primeiros meses, a empreendedora projeta crescimento, principalmente após iniciar as vendas pelo iFood.
Atualmente, a unidade comercializa de 10 a 15 marmitas por semana.
Crescimento com superação de desafios
A história de André Fernandes, franqueado da rede de limpeza Maria Brasileira, também chama atenção.
Com faturamento mensal de R$ 150 mil entre duas unidades no Rio de Janeiro, André enfrentou episódios de homofobia ao longo de sua trajetória.
Apesar disso, segue avançando no mercado.
Para ele, empreender também é um ato de resistência.
Além disso, destaca a importância de manter um ambiente de respeito e inclusão, tanto para funcionários quanto para os clientes.
Transição de carreira e novos modelos de negócio
Daniel Filippo Cavalcante, ex-executivo de Recursos Humanos, decidiu migrar para o empreendedorismo em 2024.
Hoje, lidera oito pontos comerciais da rede de mercados autônomos market4u em São Paulo.
Segundo Daniel, o crescimento rápido do negócio o levou a deixar a carreira em CLT para se dedicar integralmente à nova atividade.
Ele destaca a importância da capacitação, da pesquisa de mercado e do apoio de consultorias como o Sebrae durante a transição.
Empreendedorismo como caminho de transformação
Dhyone Schinemann, de Curitiba, também representa a força da diversidade no empreendedorismo.
Criado em uma área periférica do interior do Paraná, Dhyone enfrentou adversidades desde a infância.
Mesmo assim, investiu na formação acadêmica e abriu sua unidade da rede JAH Açaí, com faturamento médio de R$ 70 mil mensais.
Hoje, o empreendedor foca em expandir o negócio e aprimorar suas habilidades como empresário.
Segundo ele, a escolha da franquia foi baseada em critérios como responsabilidade social, sustentabilidade e boa relação com a comunidade LGBTQIAPN+.
Inclusão e protagonismo em crescimento
Os exemplos mostram que o empreendedorismo tem se consolidado como uma alternativa para transformar desafios em oportunidades.
Além disso, contribui para aumentar a diversidade no ambiente de negócios brasileiro.
Segundo especialistas do setor, o fortalecimento dessas iniciativas é um passo importante para construir um mercado mais inclusivo e representativo.
