Os Emirados Árabes Unidos (EAU) são um país localizado no Golfo Pérsico e detentor da sexta maior reserva de petróleo do mundo. Faz fronteira com Omã e a Arábia Saudita. O país é a federação de sete pequenos emirados, a saber: Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah.
Segundo o Banco Mundial, a população do país inteiro era de 10,48 milhões de pessoas em 2023, mas apenas cerca de 13% eram considerados cidadãos nativos, enquanto a maioria da população é formada por expatriados. A expectativa de vida média era de 76,7 anos em 2012, maior do que a de qualquer outro país árabe.
Após a retirada britânica em 1971 e a independência do país, os Emirados disputaram os direitos de três ilhas no Golfo Pérsico contra o Irã, nomeadamente Abu Musa e Grande e Pequena Tunb. Os EAU tentaram levar o assunto ao Tribunal Internacional de Justiça, mas o governo iraniano rejeitou a ideia. A disputa não afetou significativamente as relações devido à grande presença da comunidade iraniana e dos fortes laços econômicos entre os dois países.
Os EAU e os EUA têm laços estratégicos muito estreitos, com o imperialismo mantendo três bases militares no país árabe. Desde 2015, os Emirados abandonaram sua postura histórica de neutralidade em favor de envolvimentos regionais assertivos. Essa transição coincidiu com a ascensão de Mohammed bin Zayed Al-Nahyan ao cargo de comandante das Forças Armadas e, eventualmente, à presidência.
Os EAU têm estado ativamente envolvidos na intervenção militar liderada pelos sauditas no Iêmen e tem apoiado o governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, bem como o Conselho de Transição do Sul, contra o golpe de Estado de 2014-2015. A coalizão liderada pela Arábia Saudita foi repetidamente acusada de conduzir ataques aéreos indiscriminados e ilegais contra alvos civis no Iêmen.
Em agosto de 2020, os EAU e “Israel” chegaram a um acordo de paz para levar à normalização total das relações entre os dois países. O acordo foi assinado em 15 de setembro de 2020 e surgiu como resultado dos esforços dos Emirados para impedir a anexação israelense de partes da Cisjordânia.
A atuação dos Emirados no chifre da África também é notável, com um investimento de US$60 bilhões, logo atrás da China, da UE e dos EUA no ranking de estrangeiros. Os investimentos incluem a área de logística, cadeias de suprimentos, energia, agricultura e extração de minerais, especialmente em países com governança e supervisão precárias.
Na Eritreia, por exemplo, Abu Dhabi estabeleceu sua primeira base militar no exterior, arrendando o porto e o aeroporto de Assab por 30 anos. A DP World, braço de investimentos dos EAU, modernizou o local, que se tornou um centro de lançamento de drones e mobilização de forças terrestres durante a guerra do Iêmen.
Esse posicionamento fazia parte do plano de fechara a navegação no Mar Vermelho e, ao mesmo tempo, proteger o portão oriental através do porto iemenita de Mokha. Abu Dhabi passa a assumir o controle de rotas marítimas vitais, estabelecendo centros logísticos, campos de treinamento e bases em Estados frágeis e fragmentados.
Essas iniciativas têm como alvo pontos estratégicos ao longo do Mar Vermelho e do Oceano Índico, principalmente Bab al-Mandab e as costas do Iêmen e do Chifre da África, sob o pretexto de garantir a segurança marítima.
No Sudão os EAU são acusados de apoiar as Forças de Apoio Rápido (FAR), um grupo paramilitar implicado em crimes de guerra. As tentativas dos EAU de controlar o Porto Sudão, através da DP World, foram frustradas pela resistência dos sindicatos e das autoridades portuárias sudanesas. O contrabando de ouro para financiar a economia de guerra é outra camada da economia desse conflito.
Na Somália, o país capitalizou as tensões entre o governo federal em Mogadíscio e a região separatista da Somalilândia . Arrendaram o porto e o aeroporto de Berbera, apesar da oposição de Mogadíscio, transformando-os em instalações militares e de inteligência integradas.
No Dijbuti o envolvimento dos EAU começou em 2006 com a gestão do terminal de contêineres de Doraleh. No entanto, as disputas sobre o contrato se intensificaram, especialmente depois que o Djibuti resistiu aos esforços para estabelecer uma base permanente no país árabe. As consequências levaram a batalhas jurídicas, com tribunais arbitrais decidindo a favor dos Emirados.
O Djibuti se recusou a implementar as decisões, levando ao cancelamento do contrato com a DP World e a uma grave ruptura diplomática. O presidente do país africano, Ismail Omar Guelleh, em entrevista recente à Rádio França Internacional (RFI), acusou o emirado do Golfo Pérsico de usar seus investimentos multibilionários na África como disfarce para expansão militar. Ele chamou a campanha de investimentos de US$110 bilhões de Abu Dhabi na África de “manobra estratégica” e “uma ameaça à soberania africana”.