Nesta terça-feira (21), o embaixador André Aranha Corrêa do Lago teve seu nome confirmado como presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre em novembro desse ano em Belém, capital do Pará.
Atualmente no posto de secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, Lago agradeceu a oportunidade: “Vamos juntos conseguir fazer uma COP que será lembrada com entusiasmo”. Além dele, Ana Toni, atual secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, foi nomeada diretora executiva da COP30.
O anúncio ocorreu após reunião do presidente Lula com ministros Rui Costa (Casa Civil), Marina Silva (Meio Ambiente), Sidônio Palmeira (Secom), Maria Laura da Rocha (substituta do Ministério das Relações Exteriores), além de Miriam Belchior (secretária-executiva da Casa Civil) e Celso Amorim (assessor-Chefe da Assessoria Especial do Presidente da República).
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Em nota, o Ministério das Relações Exteriores destaca que o embaixador é um “experiente negociador do regime de clima” e que sua nomeação para presidir a COP30 “reflete o compromisso do Brasil com a agenda global de desenvolvimento sustentável e reforça a liderança do país nas negociações climáticas internacionais”.
Com formação em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981), André Corrêa do Lago entrou na carreira diplomática em 1982, onde assumiu cargos no Brasil e no exterior (Madri, Praga, Washington e Buenos Aires e na Missão junto à União Europeia, em Bruxelas), sendo embaixador no Japão (2013-2018) e na Índia (2018-2023). Foi negociador do Brasil em diversas conferências ambientais, incluindo a Rio+20, em 2012. Em 2023, assumiu o cargo de Secretário de Clima do Itamaraty, ocupando a missão de ser o negociador-chefe da delegação brasileira na COP28 (Dubai, EAU) e na COP29 (Baku, Azerbaijão) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Por sua vez, Ana Toni é economista e doutora em Ciência Política e já ocupou os seguintes cargos: diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade – iCS (2015-2022), Presidente de Conselho do Greenpeace Internacional (2010 a 2017), diretora da Fundação Ford no Brasil (2003-2011) e da ActionAid Brasil (1998-2002).
COP30 no Brasil
O maior evento mundial para debater as mudanças climáticas chega na sua 30ª edição, sendo que será realizado pela primeira vez na Amazônia. No encontro, líderes mundiais junto a pesquisadores e organizações não governamentais debatem as consequências para o planeta do aquecimento global e estipulam compromissos e ações para reverter o atual cenário.
Para o Brasil, recepcionar o evento é uma oportunidade ímpar para estar entre os líderes da transição energética, com a finalidade de reduzir, ou mesmo zerar, emissões de gases poluentes como o dióxido de carbono, causadores do efeito estufa, entre outros temas.
Como desafios atuais que o presidente da COP30 terá junto com o governo do Pará e o governo federal está a organização para receber tantos visitantes. A estimativa é de um púbico que circule pela cidade de 40 mil pessoas. A preocupação é como atender essa demanda com hotéis, transporte e alimentação.
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Já para os acordos que serão debatidos, como metas climáticas, o embaixador André Corrêa do Lago deverá costurar bem a realização do evento para dar conta de representar a expectativa criada. Com ventos contrários após a eleição de Donald Trump, o tema ambiental deverá sofrer ataques durante o ano, com os Estados Unidos encabeçando o negacionismo climático. Trump já anunciou a retirada de seus país do Acordo Climático de Paris e quer reunir outros países sob sua liderança. Caberá, entre as tarefas de Lago, não deixar a COP30 ser esvaziada e, sobretudo, que ofereça propostas reais e adequadas aos desafios que já são reais.
Portanto, o que se espera da COP 30 no Brasil é uma revisão do pífio valor acordado para o Fundo Climático destinado aos países pobres que foi decidido na COP 29, em Baku, Azerbaijão (2024), além de revisões da Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
No primeiro caso, enquanto os ambientalistas esperavam uma maior contribuição dos líderes mundiais, o Fundo Climático ficou definido em uma ajuda anual de US$ 300 bilhões, até 2035. Era esperado um valor mais do que três vezes maior: cerca de US$ 1,3 trilhão.
Além disso, não ocorreu mudanças significativas nas NDCs apresentadas pelos países com a finalidade de manter o limite de aquecimento de 1,5°C previsto no Acordo de Paris. Eram esperadas metas mais ousadas e robustas, no entanto, esse debate ficou para ser realizado no Brasil em 2025.