O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, proferiu um longo discurso no Congresso dos Estados Unidos, nesta quarta-feira 24, em uma tentativa de demonstrar força em meio à crescente pressão contra a violência dos ataques executados na Faixa de Gaza.
Ele afirmou que Israel conquistará uma “vitória total” e não se conformará com menos que isso. Por esse triunfo, Netanyahu entende destruir completamente as capacidades militares do Hamas, retirar o grupo do controle do enclave palestino e recuperar todos os reféns.
Segundo o premiê, uma “nova Gaza” surgiria no dia seguinte a uma eventual derrota do Hamas. Seria um território “desmilitarizado e desradicalizado”.
“Israel não deseja ocupar Gaza. Mas, em um futuro próximo, devemos manter o controle da segurança para evitar o ressurgimento do terror, para garantir que Gaza nunca mais represente uma ameaça a Israel”, alegou.
Netanyahu acrescentou que Gaza deve ter uma administração civil “dirigida por palestinos que não procurem destruir Israel” e que uma nova geração de palestinos “não deve mais ser ensinada a odiar os judeus”.
Na sequência, reforçou que os conceitos de “desmilitarização” e “desradicalização” se aplicaram à Alemanha e ao Japão após a Segunda Guerra Mundial. Em Gaza, prosseguiu, “também podem levar a um futuro de segurança, prosperidade e paz”.
A discussão sobre o pós-guerra marca um distanciamento entre Estados Unidos e Israel – por exemplo, sobre a criação de um Estado palestino. Em seu discurso, Netanyahu não citou em qualquer momento a formação de um Estado.
O premiê também pediu que os Estados Unidos apressem o envio de ajuda militar, a fim de supostamente “acelerar o fim da guerra em Gaza e ajudar a prevenir uma guerra mais extensa no Oriente Médio”.
Em seu pronunciamento, Netanyahu ainda fez elogios ao presidente Joe Biden e ao ex-presidente Donald Trump, que tenta voltar à Casa Branca.
“Agradeço ao presidente Trump por tudo o que fez por Israel, de reconhecer a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã até fazer frente à agressão do Irã, passando por reconhecer Jerusalém como nossa capital e transferir para lá a embaixada americana”, disse, sobre o republicano. Ao mencionar o democrata, exaltou “seus esforços incansáveis em favor dos reféns”.
Do lado de fora do Congresso norte-americano nesta quarta, milhares protestaram contra os ataques israelenses em Gaza. Em uma marcha que se aproximou do Capitólio, manifestantes entoaram cânticos contra Netanyahu e levantaram cartazes – em um deles, o primeiro-ministro aparecia com a palavra “Procurado”.
Já a Polícia do Capitólio informou que cinco pessoas foram presas por “perturbar” o discurso do líder israelense.
Em 7 de outubro de 2023, militantes do Hamas mataram 1.197 pessoas e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo dados israelenses. A ofensiva de Israel, porém, já matou mais de 39 mil habitantes em Gaza, de acordo com o ministério da Saúde do território palestino.