O cenário sírio, ainda em efervescência após a queda do governo de Bashar al-Assad, dando lugar a um governo pró-”Israel”, testemunhou o surgimento de uma nova força de oposição que rapidamente se impôs: a Frente de Resistência Islâmica, sob a liderança de Abu al-Qassem. Este grupo, que se apresenta como uma resistência contra o imperialismo e a ocupação sionista do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), surpreendeu o mundo nesta terça-feira com um ataque coordenado às Colinas de Golã. Com isso, o novo grupo firmou sua posição anti-sionista e contrária ao novo governo entreguista.
Abu al-Qassem fez declarações críticas ao recém-estabelecido poder em Damasco. Em discursos veiculados por canais simpáticos à sua causa, ele condenou veementemente a natureza do novo governo, classificando-o como um “títere do imperialismo” e um “inimigo da soberania síria”.
Para al-Qassem, a transição de poder na Síria não representa uma vitória para o povo, mas sim a imposição de uma posição estrangeira que visa desestabilizar a região e fragilizar a causa palestina. A investida em Golã, portanto, é, não apenas um ato de resistência contra a ocupação israelense, mas também, um recado inequívoco de que a Frente de Resistência Islâmica não reconhece a legitimidade do novo governo e que continuará sua luta por uma Síria verdadeiramente livre e independente.
Nesse sentido, é possível interpretar o surgimento desse grupo anti-imperialista e seu compromisso com a causa palestina, como uma resposta orgânica e necessária à imposição de um regime que não representa os verdadeiros anseios do povo sírio e que serve a uma forma de dominação externa. A ofensiva em Golã, nesse contexto, reafirma a percepção de que a luta pela soberania síria e pela libertação da Palestina está longe de ter um fim, e que novas forças, como a de Abu al-Qassem, estão dispostas a assumir o manto da resistência.
Isso é um desdobramento direto e, de certa forma, previsível da queda do governo de Bashar al-Assad, que não foi uma revolução popular, mas um golpe de Estado orquestrado por forças externas. A deposição de Assad, dessa forma, foi o resultado de uma intervenção estrangeira que buscava enfraquecer o “Eixo da Resistência” e consolidar os interesses políticos das potências imperialistas e de “Israel” na região. O novo governo sírio, percebido por Abu al-Qassem como um “títere”, é visto como uma fachada para esses interesses imperialistas, e as forças que o compõem estão ligadas a grupos mercenários e pró-imperialistas.