Nos últimos anos, a esquerda brasileira, seguindo uma política completamente oportunista, delegou a Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o papel de defensor mor da democracia. Utilizando como pretexto seu objetivo imediato de atacar e enfraquecer o bolsonarismo, apoiou todo tipo de medida autoritária de Moraes, desde ataques ao direito a greve até a quase extinção do direito à liberdade de expressão. Se tornou, com isso, conivente com o estabelecimento de uma verdadeira ditadura no Brasil.

Em sua última participação na TV247, nesta sexta-feira (28/2), o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, comentou sobre este fato, denunciando que Alexandre de Moraes é um inimigo de todo o povo brasileiro.

“Parte da esquerda coloca Alexandre de Moraes como pilar da democracia. Ele foi o ministro da Justiça do golpe de Estado de 2016. Ele é um dos principais protagonistas do golpe que efetivamente aconteceu e derrubou um governo democraticamente eleito. Ele foi indicado pelo mesmo Temer ao STF.

[…]

O Brasil deve ter tido, em sua história, entre 25 e 30 golpes de Estado. Ele é um dos principais agentes de um desses golpes. Como Xandão virou um pilar da democracia? O governo Temer era um governo dos EUA no Brasil, e agora ele se apresenta como defensor da soberania nacional”, disse Pimenta.

O presidente do PCO, então, relembrou que, na época da indicação de Moraes, o Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu uma dura nota condenando a decisão de Temer, denunciando a política que o atual ministro do Supremo aplicou enquanto ministro da Justiça do governo golpista.

Confira, abaixo, a nota na íntegra:

“Nota da CEN [Comissão Executiva Nacional] PT sobre a indicação do ministro Alexandre de Moraes ao STF

A indicação do ministro da Justiça do governo golpista, Alexandre de Moraes, para a vaga no STF aberta com a morte do ministro Teori Zavascki é um profundo desrespeito à consciência jurídica do país e ao espírito republicano que deve reger esse tipo de indicação. Sua nomeação e resumida trajetória como ministro da Justiça do governo ilegítimo de Temer tornaram evidente seu despreparo, seu desprezo pelas instituições e sua parcialidade.

Tratou com inaceitável improviso a mais grave crise do sistema penitenciário brasileiro com a morte de dezenas de presos e a consolidação do poder das facções do crime organizado sobre a vida de centenas de milhares de presos no país. Sobram-lhe restrições de toda ordem, onde se destaca sua desastrada atuação como secretário de Segurança Pública de São Paulo, com forte repressão aos movimentos sociais, explosão das chacinas e atuação marcadamente partidária à frente do cargo. Exemplo disso foi o vazamento para a imprensa de informações sigilosas da Operação Lava Jato feito pelo ministro em evento partidário.

Sua indicação confirma a suspeita de que se constrói no núcleo central do governo usurpador e no Senado uma saída que preserve as dezenas de acusados de corrupção  que perpetraram o golpe e que sustentam o atual governo, especialmente porque, ao indicá-lo, o governo golpista sabe que está indicando o ministro-revisor dos processos da Operação Lava Jato no âmbito do STF.

Mais uma vez, o governo golpista de Michel Temer envergonha o Brasil diante dos democratas e dos juristas do país e do mundo.

Brasília, 7 de fevereiro de 2017”

A indicação de Moraes ao STF

A nomeação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017 foi denunciada por vários setores da esquerda brasileira no âmbito da oposição ao governo golpista de Michel Temer. À época ministro da Justiça, Moraes foi indicado para ocupar a vaga deixada por Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo alvo de suspeitas até hoje.

A indicação não encontrou grande oposição no Senado, sendo aprovada por 55 votos favoráveis e 13 contrários. No entanto, o Partido dos Trabalhadores (PT) e outros setores da esquerda denunciaram a nomeação como parte da política de consolidação do golpe de 2016. Além de sua atuação truculenta como secretário de Segurança Pública de São Paulo, Moraes era visto como um aliado do governo Temer e uma peça-chave para garantir que o STF permanecesse alinhado com os interesses dos golpistas.

Moraes tirou uma licença de 30 dias do Ministério da Justiça para se preparar para a sabatina no Senado, desvinculando formalmente sua atuação no governo do processo de indicação. Antes de assumir o cargo no STF, ele se desfiliou do PSDB, partido no qual passou toda a sua vida política.

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Last Update: 02/03/2025