O governo Lula repatriou, nesta quarta-feira (21), um novo grupo de brasileiros e parentes palestinos que estavam na Faixa de Gaza. A operação foi executada sob a coordenação do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Ao todo, 12 pessoas, incluindo seis crianças, foram levadas à vizinha Jordânia, na tarde de terça (20), onde permaneceram até o dia seguinte. Elas deixaram o Oriente Médio em voo comercial.
O Itamaraty providenciou transporte e alojamento, além de garantir a escolta dos repatriados e destacar equipes do Escritório em Ramallah e da Embaixada em Amã para concluir a ação humanitária. Desde outubro de 2023, o governo federal retirou 1.572 pessoas da região conflagrada pelo conflito entre as Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês) e o grupo xiita Hamas.
Durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, na terça, o chanceler, Mauro Vieira, classificou o que ocorre em Gaza de “carnificina” e tornou a cobrar providências da comunidade internacional.
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“Acredito que é uma situação terrível o que está acontecendo. Há uma carnificina. É uma coisa terrível o que está acontecendo. Há um número elevadíssimo [de mortes de] crianças. É algo que a comunidade internacional não pode ver de braços cruzados”, lamentou o chefe do MRE.
Uma semana antes, o presidente Lula também havia condenado, mais uma vez, a violência promovida pelas IDF contra, sobretudo, mulheres e crianças palestinas, um sinal claro de limpeza étnica. Falando a jornalistas, quando esteve na China cumprindo agenda internacional, o petista repetiu a palavra “genocídio” e foi aplaudido.
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Limpeza étnica
À BBC, o diretor de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), Tom Fletcher, apontou a possibilidade de 14 mil bebês morrerem nas próximas 48h caso o governo de Israel não autorize a entrada de mantimentos em Gaza. A situação alarmante se deve ao bloqueio imposto pelas IDF: nenhum alimento, combustível ou remédio é permitido no enclave desde o início de março.
“Quero salvar o máximo possível desses 14 mil bebês nas próximas 48h”, manifestou Fletcher, em entrevista ao programa Today, na terça, dia em que aguardava 100 caminhões atravessarem a fronteira.
O conflito entre as IDF e o Hamas, iniciado em 7 de outubro de 2023, já provocou mais de 50 mil mortes na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local. A ONU assegura que a maioria das vítimas é composta por mulheres e crianças. O número real, contudo, pode ser superior, se considerados os milhares de corpos sob os escombros. O cenário no território palestino é de devastação total.
No último sábado (17), comunidades árabes em diversas cidades do mundo tomaram as ruas para lembrar o chamado Dia da Nabka, como ficou conhecida a expulsão dos palestinos de suas terras pelos israelenses, em 1948.
De acordo com o tabloide The Independent, mais de 10 mil pessoas marcharam pela capital britânica, Londres. Em Berlim, autoridades alemãs contaram 2 mil bandeiras palestinas. Também foram vistos protestos na França, Irlanda, Escócia, Espanha, Catalunha, Itália, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Da Redação, com informações do MRE, BBC e CNN Brasil