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Como os EUA pensam em conter o fantasma da ameaça militar chinesa
por [Nome 1], [Nome 2] e [Nome 3]
Em mais um artigo da série sobre o Project 2025, a equipe de pesquisadores do Observatório Político dos EUA aborda os planos do futuro governo conservador norte-americano na área da Defesa.
Uma análise do Project 2025 à luz das políticas externa e de defesa por ele propostos identifica um saudosismo frente à derrota da União Soviética e à Guerra Fria da era Ronald Reagan. Isso significa que a luta pelo status quo e pela manutenção da hegemonia dos Estados Unidos passado, do qual se mantém nos planos do futuro governo Trump ante os novos desafios da contemporaneidade, que tem a expansão militar chinesa como principal ameaça para os planos dos EUA.
Apesar de valorizar esse passado, do qual os cidadãos estadunidenses conservadores se orgulham, o Project 2025 já identifica e ressalta que a indústria bélica do país está em declínio constante. Em razão disso, defende o aumento significativo de investimentos no setor, com o objetivo de reduzir a dependência tecnológica da cadeia de suprimentos globais.
Vale destacar, porém, que publicamente o futuro presidente Trump endossa o argumento contrário ao envolvimento dos EUA em conflitos externos, sob o slogan político America First e, sobretudo, da proteção da economia.
Nos últimos anos, porém, os EUA foram na contramão dos conselhos de George Washington, com uma longa presença no Afeganistão e uma saída desastrosa do país durante o governo de Joe Biden, por exemplo.
Com o objetivo de resgatar a premissa defendida por George Washington, o manual apresenta como prioridades:
(1) Restabelecer uma cultura de responsabilidade de comando, não politização e foco no combate;
(2) Transformar as forças armadas para obter a máxima eficácia em uma era de competição entre grandes potências;
(3) Fornecer o apoio necessário às operações de proteção de fronteiras do Departamento de Segurança Interna (DHS); e
(4) Exigir transparência financeira e prestação de contas do Departamento de Defesa visando a aprimorar as forças armadas e as organizações civis que os apoiam e supervisionam.
A ameaça chinesa
Uma das promessas do projeto se caracteriza como a defesa das fronteiras e a necessidade de adquirir uma postura mais punitivista em relação às ameaças globais, afirmando que o ideal wilsoniano pautado no internacionalismo liberal se espalhou no país “como um câncer que desuniu o povo”.
Com uma tendência unilateral e isolacionista, o país se afastará de discussões multilaterais, o que afetará sua relação com os países fronteiriços México e Canadá, por exemplo.
A globalização é citada como também catalisadora do enriquecimento e do fortalecimento da China no cenário internacional, colocando o país em uma posição central de ameaça à segurança, liberdade e prosperidade dos Estados Unidos.
Com o objetivo de contrapor a atuação chinesa, o manual defende a urgência de revitalizar, adaptar e aumentar seu arsenal nuclear e expandir investimentos em defesa antimíssil, argumentando que a necessidade de modernização e de expansão desses setores é efeito da exposição estadunidense ante um possível cenário de coerção nuclear e de ameaças de mísseis por parte de Rússia e China.
Outra questão pontuada como crucial para a manutenção da hegemonia estadunidense é a disputa de influência sobre Taiwan. O projeto indica a necessidade do planejamento de defesa com foco em dificultar a subordinação de Taiwan, ou de outros aliados dos EUA na Ásia, à China.
Qual o papel da mídia?
Outra estratégia citada como importante no âmbito externo é a reestruturação da Agência dos Estados Unidos para Mídia Global (USAGM). Diferentemente do aspecto prático militar, o papel da Agência é legitimar a agenda de defesa do país, por meio da disseminação de valores e de discursos que relegam aos Estados Unidos o papel de promotor da liberdade e da democracia em nível mundial.
A Agência supervisiona duas redes de notícias governamentais: a Voz da América (VOA) e o Gabinete de Radiodifusão de Cuba (OCB), além de constar como financiadora de inúmeras outras organizações de notícia multimídias que vão da Europa ao Oriente Médio e Ásia.
Tais deficiências estariam corroborando e contribuindo diretamente para que as organizações da agência se juntem ao discurso antiestadunidense que o manual afirma existir dentro da mídia mainstream.
Com efeito, o Project 2025 tem como intenção o resgate da supremacia dos valores estadunidenses em um mundo no qual a ordem liberal inaugurada pelos EUA está em constante declínio.
Yasmim Abril M. Reis, Tatiana Teixeira e Vitória Moreira Zambiazzi
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