A Polícia Militar do Estado de Minas Gerais adquiriu da empresa israelense Israel Weapons Industry (IWI) 1.310 fuzis Arad 7 calibre 7,62×51 mm pelo valor de US$ 3,1 milhões, com entrega prevista para o final de 2024.
A informação é do Infodefensa, com agências nos Estados Unidos, Espanha e América Latina. O correspondente Roberto Caiafa anuncia o acordo e entrega dos fuzis até o final do ano de 2024. Segundo a reportagem, a empresa nacional Imbel não seria competitiva. “O êxito da Arad/IWI no mercado brasileiro de segurança pública prova uma vez mais que os israelenses têm um volume de produção e entregam rapidamente com qualidade, ao contrário da brasileira Imbel (…)”, diz o texto.
Em sua reportagem intitulada “IWI consegue novas vendas de fusís Arad no mercado Brasileiro de Segurança Pública”, ele celebra o fato de que o Estado brasileiro, através do BOPE, PM-RJ, PM-SP, PC-SC, PC-ES tem se armado progressivamente com armas de guerra israelenses. O novo contrato da administração Zema parece não ter nenhum rastro público.
Apesar do pregão ter sido anunciado, até o dia de hoje o Portal da Transparência do Estado de Minas Gerais e da Controladoria Geral da União parecem não registrar nenhuma informação a respeito desta despesa ou existência deste contrato. Uma fonte interna da Assembleia de Minas Gerais, confirma, entretanto, a existência do contrato.
Tampouco parece haver documentação pública disponível até o momento de que a IMBEL tenha participado do pregão. Mas há no entanto indicações no sentido contrário. O site de Israel Defense afirma que “A IWI venceu essa licitação contra as seguintes empresas: B&T (Estados Unidos), Ceska Zbrojovka – CZ (República Tcheca), Lewis Machine Tools – LMT (Estados Unidos) e Kale Kalip (Turquia)”.
O Comitê Mineiro de Solidariedade ao Povo Palestino e deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais não conseguiram obter nenhum rastro público do contrato ou detalhes do processo de licitação, e protocolaram oficialmente o requerimento 10035/2024 ao governador do Estado de Minas Gerais, Romeo Zema, ao secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública e à secretária de Estado de Planejamento e Gestão pedido de informações e transparência quanto a compra milionária de material bélico.
Ualid Rabat, presidente da FEPAL, faz um alerta ao governo e setores progressistas da sociedade brasileira. “Além do fato óbvio de que adquirir de empresas israelenses armas, munições, sistemas e outros equipamentos militares ou para a segurança significa tomar parte do genocídio palestino, financiando seu executor, favorecendo, assim, a continuidade da ocupação da Palestina, e, claro, dando sobrevida a ‘Israel’ como projeto colonial gerido por um regime de apartheid, temos outra faceta, qual seja, a de atentar contra a indústria nacional brasileira e prejudicar a afirmação dos legítimos interesses nacionais brasileiros”, afirma. “Afinal, o Brasil tem indústria bélica e de equipamentos e insumos no campo da segurança que podem suprir as necessidades do mercado interno, tanto do estado brasileiro quanto de seus entes federados, especialmente para equipar suas policiais. Então, comprar de estado/indústria estrangeira prejudica a indústria nacional.”