João Campos (PSB) faz uma trajetória de sucesso político regional e, após se estabelecer como um dos mais bem votados prefeitos reeleitos, mira um caminho seguro para 2026: o governo de Pernambuco. Jovem, bem posicionado politicamente e nas redes sociais e com uma carreira política consolidada, os caminhos do popular prefeito para o ano que vem podem ultrapassar a raia regional e ser a aposta que a esquerda busca para a sucessão de Lula.

A possibilidade foge das conversas da cúpula do PT e dos partidos aliados e também das movimentações do próprio presidente. Mas é o que mostra, pelo menos, as últimas pesquisas eleitorais que sondaram o tema. Na semana passada, a Atlas/Intel perguntou aos eleitores sobre as chances de eleição de Lula, dando vitória ao atual presidente contra todos os adversários da direita. E João Campos apareceu como plano B.

E apesar de o PT não assumir, por enquanto, é sabido que tanto a pressão da imprensa, como as pretensões pessoais do próprio presidente são de alçar um sucessor, de preferência um nome jovem da política, que consiga fazer frente a figuras que despontaram nas últimas eleições municipais, como Pablo Marçal (PRTB) e, mais recentemente, o cantor sertanejo Gusttavo Lima.

Na pesquisa da última semana, o instituto questionou a preferência do eleitorado de um candidato à Presidência que represente a esquerda e pautas progressistas em 2026. Lula, claramente, liderou com 61,5%. Mas o prefeito de Recife, João Campos (PSB), surgiu com nada menos do que 18,3%, um potencial de nome, ainda não trabalhado eleitoralmente, e tampouco negociado.

Apesar de pequeno, o resultado chama a atenção por como um prefeito de uma cidade que não está entre os 5 maiores colégios eleitorais do país tem amplo posicionamento no eleitorado nacional: Recife tem pouco mais de 1,2 milhões de eleitores, quatro vezes menos que Rio de Janeiro e oito vezes menos que São Paulo.

A explicação, segundo os pesquisadores Priscila Lapa e Sandro Prado, Observatório das Eleições no Jornal GGN, estaria em “atributos de personalidade do prefeito”. Somados a outros fatores locais, como o legado histórico deixado pelo pai, Eduardo Campos, e bisavô, Miguel Arraes, eles destacam a habilidade na sua comunicação política e digital.

Não à toa, em meio a maior crise comunicacional do governo Lula, a Fake News envolvendo o Pix, João Campos foi especialmente convidado e ouvido diretamente pelo presidente.

A viagem também chamou a atenção. Na grande imprensa, a informação divulgada foi de que o prefeito saiu de Recife, Pernambuco, à Brasília, para dar “conselhos” a Lula sobre como atuar na comunicação nas redes.

Está comprovado que Campos conhece do assunto. Os 78% dos votos de Recife foram resultados de uma campanha política com forte peso nas redes, além dos contextos locais. Mas não bastaria para sustentar o deslocamento. O interesse de Campos é o de manter um bom trânsito direto com o presidente Lula.

A mira dele, ainda, é local. Segundo a repórter pernambucana Betânia Santana, o prefeito recebeu a informação de que o PT poderia apoiar a atual governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), em 2026.

Para evitar o risco, Campos foi à Brasília em uma agenda que incluiu não só Lula, mas visitas a ministros de governo, como a da Saúde, Nísia Trindade, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa, encontros com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Mas o amplo movimento de João Campos, visto com bons olhos pela equipe ministerial do presidente, e o acolhimento de Lula, que recebeu o prefeito sem espaço na agenda oficial, acenaram para o que as pesquisas já trouxeram: o crescimento de João Campos como possível aposta de sucessão da esquerda.

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Last Update: 17/01/2025