Neste sábado (29), o secretário-geral adjunto da Liga Árabe, Hossam Zaki, anunciou que a organização não classifica mais o Hesbolá como uma organização terrorista. A decisão ocorre em um momento crítico em que “Israel” ameaça invadir o Líbano para tentar destruir o Hesbolá. Essa guerra seria muito mais violenta que a que acontece agora na Faixa de Gaza, pois o Hesbolá é muito mais poderoso do que o Hamas e toda a resistência palestina.
Zaki afirmou: “em decisões anteriores da Liga Árabe, o Hesbolá foi designado como uma organização terrorista, e essa designação foi refletida nas resoluções, levando ao rompimento da comunicação com base nessas decisões”. A declaração foi transmitida pelo canal egípcio Al-Qahera News Channel, um dia após o secretário-geral concluir sua visita à capital do Líbano, Beirute. Ele ainda destacou que “os Estados membros da Liga concordaram que o rótulo de Hesbolá como uma organização terrorista não deve mais ser empregado”.
A Liga Árabe havia classificado o Hesbolá como uma “organização terrorista” em março de 2016, apesar de protestos do Líbano e do Iraque. A Síria também teria protestado caso o estivesse participando da organização naquele momento. A decisão veio logo após o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) determinar o mesmo em 2 de março de 2016. O CCG é a organização que reúne as monarquias árabes do Golfo, ou seja, os regimes mais reacionários da região.
O jornal libanês Al-Akhbar afirmou que fontes da Liga Árabe disseram que “Zaki informou ao Hesbolá que a Liga [Árabe] decidiu remover sua classificação como terrorista e acredita que ele tem um papel importante no futuro do Líbano”. O jornal noticiou na sexta-feira (28) que, durante sua visita a Beirute, Zaki se reuniu com o líder do bloco parlamentar do Hesbolá, Lealdade à Resistência no Líbano, o deputado Mohammad Raad. Foi o primeiro contato entre a Liga Árabe e o partido libanês em mais de uma década.
O secretário-geral adjunto da Liga Árabe ainda destacou que um dos principais assuntos de suas reuniões em Beirute foram os confrontos no sul do Líbano ao longo da fronteira com a Palestina ocupada. A sua posição é contra a escalada da guerra. Zaki apontou que o posicionamento do lado israelense, de ampliar a guerra, é preocupante.
O posicionamento da Liga Árabe expressa como o Oriente Médio se desloca de forma geral para fora do domínio imperialista. Houve outros casos como esse recentemente. O mais importante foi o retorno da Síria de Bashar al-Assad à organização, após mais de 10 anos excluída. O Hesbolá é uma guinada nacionalista ainda maior, pois a organização não é nem um governo, mas um partido político. O momento também é importante, pois é um sinal para “Israel”. Um aviso de que a tendência geral da região em caso de guerra agora é de apoio aos árabes que lutam e não ao imperialismo.
Em 2016, o Hesbolá lutava na Síria contra as organizações pró-imperialistas. O Irã também era inimigo da Arábia Saudita, que é o principal país do mundo árabe no quesito da economia e assim tem uma influência política enorme. O ano da virada foi 2023, quando a Arabia Saudita e Irã reataram laços. Isso não foi uma mudança na política do Irã, mas sim dos sauditas, que se afastaram do imperialismo. Ainda não se pode falar que as monarquias do golfo atuam contra o imperialismo. Mas a realidade após 2023 é que a posição dos EUA é cada vez menos influente na região. Aceitar o Hesbolá é uma expressa muito clara disso.
O Partido de Deus continua atacando “Israel”
No mesmo dia que o representante da Liga Árabe fez essas declarações, o Hesbolá anunciou uma série de operações realizadas por seus combatentes contra alvos militares israelenses e soldados.
O Hesbolá informou que seus combatentes alvejaram às 13h45 o equipamento de espionagem no local israelense de Misgav Am com armas apropriadas, conseguindo um acerto direto. Mais tarde, seus combatentes atacaram às 15h40 um tanque Merkava israelense e um veículo de recuperação blindado Nemmera (ARV) no local de Roueissat al-Alam, nas colinas ocupadas de Quifar Chouba no Líbano, com mísseis guiados, atingindo diretamente e destruindo os dois veículos.
Além disso, o Hesbolá afirmou que seus combatentes alvejaram às 18h40 o equipamento de espionagem no local israelense de Metula com armas apropriadas, atingindo-os diretamente e destruindo-os.
A imprensa militar, o partido libanês publicou cenas de combatentes atacando a guarnição do local israelense de Birket Risha em 28 de junho. Além disso, divulgou imagens de combatentes atacando edifícios usados por soldados de ocupação israelenses nos assentamentos de Iir’on e Avivim, no norte da Palestina ocupada, em 24 e 26 de junho, respectivamente.
Ou seja, o Hesbolá não só segue atacando em peso o Estado de “Israel” e divulgando os ataques que realizou recentemente. Os libaneses não diminuíram seus ataques de apoio à Palestina mesmo com todas as ameaças dos sionistas, mostrando a sua força. A colocação da Liga Árabe, na verdade, é mais uma demonstração de força do Hesbolá. Conforme ele ataca “Israel” e mostra sua supremacia militar aglutina cada vez mais apoiadores.