A terça-feira (6) foi marcada pelo ato das Centrais Sindicais na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), contra a alta dos juros. A manifestação realizada em frente à sede do Banco Central reuniu sindicalistas e trabalhadores da CTB, Força Sindical, CUT, UGT, CSB, Nova Central, Pública e movimentos sociais. Os protestos tiveram como alvo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que ao suceder a Roberto Campos Neto deu continuidade aos rumos da Selic.
Com isso, o protesto chamou a atenção para o alto patamar em que os juros se encontram e para a possibilidade de um novo aumento. Hoje a taxa básica de juros está em 14,25% ao ano. Nesta terça, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou em Brasília (DF) o seu encontro que termina na quarta (7) com a definição sobre se eleva, reduz ou mantém os juros como estão.
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Durante o ato, o secretário-geral da CTB, Ronaldo Leite, alertou: “Na reunião que ocorre no dia de hoje e de amanhã, a expectativa é que o Banco Central aumente mais uma vez a taxa de juros e que nós podemos chegar a 14,75%. Isso inibe o crédito, inibe o crescimento, inibe os empregos e prejudica, sobretudo, a classe trabalhadora”, afirma.
Já o vice-presidente nacional da CTB, Ubiraci Dantas (Bira), direcionou críticas ao presidente do BC, Gabriel Galípolo, no qual o campo progressista depositava melhores expectativas. Durante a manifestação foi distribuída pipoca como protesto. Os sindicalistas ironizam que os diretores do BC “pipocam” para o mercado financeiro.
“Eu ouvi várias vezes aqui dizer que o Galípolo é pipoqueiro. Eu não acho que é só isso. Eu acho que é um entreguista. Porque uma pessoa que preside o Banco Central do Brasil aumenta os juros para 14,25% e está pensando em aumentar amanhã mais meio, mais um por cento. Um por cento a mais são 56 bilhões que saem do orçamento público para quem não produz um prego. Durante esses últimos 12 meses, foi entregue de mão beijada para o capital financeiro internacional mais de um trilhão de reais. Quase todo o orçamento do Brasil. Aí, depois, fica pedindo para cortar recursos da saúde, da educação, para dar para os bancos”, disse o sindicalista, ao direcionar críticas ao rentistas que vivem de juros e pedem por cortes em políticas públicas.
Para o presidente da CTB-SP, Rene Vicente, o protesta revela a unidade na luta contra os juros altos: “O ato reflete a unidade e a luta pela redução da taxa de juros e por uma política nacional de desenvolvimento que traga geração de emprego para o povo brasileiro. É nefasta essa política de juros que, a cada ponto que sobe, retira bilhões da vida dos trabalhadores e trabalhadoras nas áreas de saúde, educação, moradia, transporte público e várias outras necessidades diárias do povo brasileiro. Então, as centrais sindicais reafirmam o seu posicionamento: menos juros, mais emprego”, conclama.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), reforçou as críticas ao presidente do Banco Central: “Chega de pipocar, Galípolo! Galípolo, para de pipocar! […] “Sabemos que o governo Lula quer que a taxa de juros abaixe e indicou um novo presidente do Banco Central, mas parece que ele continua pipocando, prejudicando o nosso país, porque nós, na nossa experiência, sabemos o quanto prejudicial é a taxa de juros. Vamos continuar alertas, pressionando pela redução dos juros e realizando atos como este de hoje.”




Para a Folha de S.Paulo, presidentes das centrais endossaram as críticas antes do protesto. O presidente da CTB, Adílson Araújo, disse que o Copom serve como “mordomo” da Faria Lima e que Galípolo deve lembrar que o mercado não se preocupa com o preço dos alimentos.
Ricardo Patah, da UGT, ressalta que os diretores do BC estão distantes do povo e que a expectativa por uma mudança de rumo com a troca na presidência não se concretizou. Miguel Torres, da Força Sindical, salienta que os protestos são contra o Banco Central, não contra o governo, e que o “caminho perigoso” persiste mesmo com Galípolo. Sérgio Nobre, da CUT, lembra que existem outras formas de combater a inflação do que o aumento dos juros, que penalizam a todos.
*Com informações CTB, Força Sindical e Folha