O ex-jogador Zico criticou, em entrevista à AFP no Japão na última semana, a saída precoce de jovens brasileiros para clubes europeus, afirmando que perdem suas “raízes brasileiras” e não atingem seu potencial. A prática reflete a exploração do futebol nacional pelo imperialismo europeu, que drena talentos sem garantir seu desenvolvimento.
Zico declarou: “os jogadores brasileiros vão para a Europa muito cedo, perdendo suas raízes brasileiras. Se um jogador não é resiliente, ele volta porque não alcançou seu potencial máximo lá”, disse, destacando também que “eles vão muito cedo e não jogam. Isso aconteceu na Alemanha, na Itália, em muitos lugares”. Como conselheiro do Kashima Antlers, Zico comparou a situação com o Japão, onde jogadores também enfrentaram dificuldades no exterior nos anos 2000, contratados mais por marketing do que por mérito.
O ídolo do Flamengo, que jogou no Japão na década de 1990, ajudou a profissionalizar a J-League. Ele elogiou o impacto de estrelas como Andrés Iniesta no Vissel Kobe: “ter um jogador do nível do Iniesta motiva a todos. Você aprende porque ele é um vencedor, melhora o rendimento dos outros jogadores e motiva os torcedores”. Aos 72 anos, Zico segue ligado ao Kashima, que lidera a J-League em 2025.
Dados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mostram que 1.200 jogadores brasileiros foram transferidos para a Europa entre 2020 e 2024, 60% com menos de 20 anos. Muitos, como apontou Zico, têm pouco tempo de jogo. Relatórios da UEFA indicam que apenas 25% dos brasileiros em ligas europeias são titulares regulares.
A exportação de jovens talentos enfraquece o futebol brasileiro, beneficiando clubes europeus em um ataque direto à identidade e competitividade do esporte nacional.