O presidente Lula viaja pelo mundo atraindo investimentos para o Brasil, tanto da iniciativa privada como por meio de parcerias com governos. As primeiras agendas da visita à China nesta segunda-feira (12) resultaram em acordos muito positivos, como o anúncio de US$ 1 bilhão na produção de combustível renovável para aviação (SAF) e da criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento na área de energia renovável.
Em reunião com representantes da fabricante de carros GAC Motor, foram anunciados R$ 7,3 bilhões (US$ 1,3 bilhão) para a instalação de uma fábrica de carros para a produção de veículos elétricos, híbridos e híbridos flex em Catalão (GO) e um centro de pesquisa no Nordeste. O governo brasileiro aceitou a oferta da GAC de uma frota de veículos elétricos para a COP-30 em Belém (PA) em novembro.
“São projetos que vão fortalecer a posição do Brasil como maior referência mundial em transição energética. Ampliar os laços comerciais com a China significa mais investimentos, empregos e renda para os brasileiros”, comemorou o presidente em postagem redes sociais junto com imagens dos encontros.
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Lula classificou as parcerias com a China como estratégicas para o Brasil e destacou o dia intenso de trabalho em Pequim com reuniões com empresas que “vão investir ou estudam investimentos no Brasil nas áreas de produção de carros elétricos e híbridos, energia renovável, combustível de aviação, tecnologia, defesa e segurança pública”, informou o presidente em postagem na rede social X.
Lula ainda destacou que, em todos os casos, os investimentos são em parceria com empresas brasileiras, promovendo pesquisa, transferência de tecnologia e treinamento de mão de obra qualificada.
Participaram das reuniões os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira; da Casa Civil, Rui Costa; o embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Dia intenso de trabalho em Pequim começou com quatro encontros com grupos chineses (GAC, Windey Technology, Envision e Norinco) que vão investir ou estudam investimentos no Brasil nas áreas de produção de carros elétricos e híbridos, energia renovável, combustível de aviação,… pic.twitter.com/NfHNtkU9eI
— Lula (@LulaOficial) May 12, 2025
Fortalecimento dos laços Brasil-China
Em sua terceira visita à China em dois anos de governo, Lula teve quatro audiências nesta segunda-feira (12). Na primeira, o presidente Lula recebeu o presidente do grupo automotivo GAC, Feng Xingya, e ficou acertada a produção de três carros para o mercado brasileiro. A empresa chinesa deve começar as instalações ainda em 2025, depois de assumir a fábrica operada pela HPE Automotores em Catalão (GO), que foi fechada no fim de 2024 e produzia modelos da Mitsubishi e Suzuki.
“A GAC está investindo forte no Brasil. A empresa tem como missão contribuir para o fortalecimento dos laços históricos entre Brasil e China, promovendo o progresso das duas nações”, disse o presidente da GAC, Wei Haigang. “Nosso objetivo é atuar como um catalisador para o avanço tecnológico no gigante da América Latina”.
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A empresa convidou o presidente para o lançamento de cinco modelos em evento em São Paulo dia 23 de maio. Em 2024 a GAC se reuniu no ano passado com o vice-presidente Geraldo Alckmin e anunciou que entraria na disputa do mercado brasileiro, depois das chegadas da BYD e da GWM que em 2023 anunciaram investimentos bilionários no país.
Em seguida Lula se reuniu com o presidente do Conselho da Windey Energy Technology Group, Chen Qi, empresa que lidera a pesquisa, o projeto, a fabricação e a manutenção de turbinas eólicas de grande porte na China. A terceira reunião foi com Cheng Fubo, CEO da Norinco (China North Industries Corporation), estatal chinesa da indústria de defesa e de infraestrutura.
Energia inteligente, uma prioridade
Por último, o presidente Lula recebeu o CEO da Envision Group, Lei Zhang, que atua em soluções de energia inteligente e setores como energia eólica e desenvolvimento de SAF, “uma das prioridades da nova agenda de transição energética brasileira, incluída na Lei do Combustível do Futuro”, informou o site Brasil 247.
O investimento de US$ 1 bilhão na produção de SAF será por meio da Envision Group, e o centro de pesquisa será em parceria entre a Windey Technology e a Senai Cimatec na área de energia renovável.
“O Brasil se tornará um dos maiores produtores de combustíveis verdes de aviação”, declarou o ministro Rui Costa. O SAF é uma alternativa ao combustível aeronáutico de origem fóssil, produzido a partir de matérias-primas e processos que atendam a padrões de sustentabilidade.
Parcerias estratégicas com o governo chinês
Além dos investimentos da iniciativa privada, o presidente Lula intensificou as parcerias com o governo chinês e assinou atos nas áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, ciência e tecnologia, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde, educação e cultura.
Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Desde 2004, quando o presidente Lula visitou o país pela primeira vez, o comércio bilateral cresceu mais de 17 vezes, e chegou, em 2023, ao recorde de US$ 157,5 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 104,3 bilhões, importações de US$ 53,1 bilhões e superávit para o Brasil de US$ 51,14 bilhões.
As exportações brasileiras para a China foram superiores à soma das vendas do país para os Estados Unidos (US$ 36,9 bilhões) e para a União Europeia (US$ 46,3 bilhões).
Da Redação, com Estadão, Agência Gov e Brasil 247