O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento sobre o envio de dinheiro para o filho Eduardo nos Estados Unidos.
De acordo com o depoente, os R$ 2 milhões enviados para que o filho, deputado federal licenciado, possa se manter no exterior é “bastante dinheiro legal”, em que parte seria resultado de uma vaquinha em que apoiadores enviaram Pix.
“Vocês sabem que, lá atrás, eu não fiz campanha, mas foi depositado na minha conta R$ 17 milhões e eu botei R$ 2 milhões na conta dele [Eduardo Bolsonaro]. Lá fora tudo é mais caro, eu tenho dois netos, um de 4 e outro de um ano de idade, ele [Eduardo] tá lá fora, não quero que passe dificuldade”, alegou Bolsonaro.
A oitiva durou quase duas horas – das 15h às 17h -, em que Jair Bolsonaro foi convocado em inquérito que apura a atuação de Eduardo Bolsonaro no exterior.
Nos EUA, o deputado licenciado estaria articulando sanções para autoridades brasileiras, uma vez que Eduardo declarou, com naturalidade, estar em contato com membros do governo Trump para agir contra o ministro Alexandre de Moraes, relator de casos envolvendo a família Bolsonaro, incluindo a tentativa de golpe de Estado em 2022.
A jornalistas, o ex-presidente negou que Eduardo está tentando sancionar quem quer que seja no Brasil, mas afirmou que tem orgulho do que o filho está fazendo no exterior, já que Eduardo está defendendo a democracia.
Jair afirmou ainda que o dinheiro enviado tem como objetivo evitar que o filho e sua família passem necessidade.
Entenda o caso
Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, as manifestações de Eduardo configuram tentativa deliberada de interferência no funcionamento pleno dos poderes constitucionais. As ações do deputado nos EUA teriam como objetivo fragilizar investigações e pressionar decisões judiciais relacionadas a Jair Bolsonaro, inclusive no processo sobre a tentativa de golpe de Estado.
“As retaliações buscadas, concatenadas e anunciadas intrepidamente contra as autoridades responsáveis pela condução dos casos mencionados se assomam como graves atos de interferência sobre o livre exercício dos poderes constitucionais”, afirmou Gonet.
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