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No dia 12 de setembro ocorrerá a eleição para a direção da FFLCH. Nós que somos estudantes da faculdade teremos direito a participar de uma consulta online nos dias 28 e 29 de agosto, onde não podemos decidir diretamente, apenas de forma consultiva. Quem de fato decidirá é a instância da Congregação da faculdade, um órgão que conta com uma baixíssima representação discente e dos funcionários. Isso torna o processo burocrático e antidemocrático, como todas as decisões internas na USP. Por isso, a luta por paridade nos Conselhos é central, uma demanda democrática mínima para que as decisões estejam de fato nas mãos de quem constroi a universidade.

A USP para a Faria Lima X A USP para os estudantes da classe trabalhadora

A USP passa por um profundo processo de sucateamento, que se expressa em especial em áreas destinadas aos estudantes pobres, periféricos, oprimidos e da classe trabalhadora, como a moradia estudantil (CRUSP), o Hospital Universitário (HU) e todas as políticas de Permanência Estudantil. O descaso é gritante. Enquanto o prédio da Reitoria está sempre novo, no prédio da Letras, por exemplo, não tem elevador para os alunos cadeirantes há mais de mês. Embora não tenhamos acesso ao livro de contas da USP para saber para onde vai o dinheiro, dá pra saber que ele é destinado às áreas “estratégicas”, que são aquelas em que há o dedo e o interesse da iniciativa privada.

Há um processo em curso na USP, que combina a privatização à conta gotas, com o discurso da modernização e empreendedorismo. É o plano de aprofundar a mercantilização da educação, colocando as pesquisas e a produção de conhecimento para servirem às empresas, e não ao que precisa a população trabalhadora, que é a maioria. Por isso existem projetos como o Distrito Tecnológico do Jaguaré, que é uma espécie de Vale do Silício, para as empresas privadas montarem nas costas da USP para lucrar. E por isso existe o Edital de Mérito, que busca colocar as unidades em concorrência para a decisão da reposição docente, através de critérios nublados, que favorecem os cursos que são de mais interesse para o mercado.

Os ataques à educação pública são expressão dos projetos que buscam governar o capitalismo

A luta pela educação pública na USP, ao longo do tempo, significou também lutar contra os distintos governos em São Paulo e no país. Atualmente, isso significa enfrentar Tarcísio de Freitas, o governador bolsonarista das polícias e milícias, que quer tirar da educação para dar aos militares, com o projeto de militarização, privatização e fechamento de salas nas escolas. Fora que já tentou aprovar a redução da verba orçamentária para a universidade. Também significa lutar contra Lula, que tinha o poder de vetar o Novo Ensino Médio e não fez, assim como seu governo também fez a opção de tirar da educação e dar aos bilionários, com o arcabouço fiscal.

Cada governo tem um projeto de educação específico, mas o que unifica todos eles é que estão restritos às margens do capitalismo brasileiro. E o capitalismo hoje no país significa exatamente o que estamos vendo, que é tirar do público para dar ao privado, afetando em especial os estudantes da classe trabalhadora e oprimidos. Por isso que, além da violência contra mulheres, negros, LGBTQIAP+ e todos nós, o que o capitalismo nos relega é o sub-emprego, salários baixos, instabilidade e violência, em especial aos setores oprimidos. E com os ataques à educação, não é possível se manter com as bolsas, e somos forçados a aceitar qualquer estágio precarizado para permanecer na universidade

Por uma USP controlada pela comunidade e classe trabalhadora, e não pela burocracia universitária e os governos e capitalistas

Durante a greve, ficou mais explícito aos estudantes o papel que cumpre a burocracia universitária. As instâncias de poder da universidade são muito antidemocráticas e não há paridade entre estudantes, funcionários, professores e reitoria. Para a aplicação dos projetos defendidos pelos grandes capitalistas, é necessária uma burocracia dura, dos de cima, que seja repressiva e não permita um debate igualitário dentro da universidade. Os reitores são nomeados pelos governadores, por cima da decisão da comunidade universitária.

Isso demonstra que essa estrutura de poder está subordinada aos interesses da elite de São Paulo, e não aos trabalhadores e estudantes da universidade. É a expressão de uma instituição que reflete a realidade da sociedade capitalista, em que quem decide de fato sobre as coisas nunca é a classe trabalhadora. Sendo assim, a única forma de mudar profundamente essa estrutura burocrática, que é reflexo da estrutura burguesa do controle das instituições e da sociedade, é rompendo com a subordinação aos governos, ricos e bilionários capitalistas que mandam na educação no país. É como tomar o poder dentro da universidade, e colocá-la sob controle da comunidade que efetivamente a constroi todos os dias, inclusive trabalhadores terceirizados e a comunidade ao redor da USP.

Na FFLCH a comunidade vota no seu diretor, mas não de forma paritária e apenas com representantes, que não conseguem manifestar as opiniões e necessidades de quase 10 mil alunos. Por isso, para nós é fundamental ter uma chapa que se comprometa em defender as lutas estudantis contra os ataques da reitoria, o que significa se comprometer em não cumprir o papel de ser correia de transmissão dos governos e capitalistas. Uma chapa que esteja ao lado dos estudantes e trabalhadores, e que por isso defenda um avanço da democratização das tomadas de decisão na universidade.

A disputa na FFLCH: análise das chapas

Desde antes de iniciar nossa greve ano passado, ficou claro que a direção atual, composta por Paulo Martins e Ana Paula Torres, não é aliada dos estudantes e suas demandas. Isso se comprovou com a medida autoritária e golpista por parte do diretor de ordenar que a guarda universitária tomasse o prédio dos estudantes no dia da deflagração da greve na Letras. Os estudantes demonstraram com sua auto-organização que não iriam aceitar autoritarismo e repressão, e não só declararam a greve na Letras e no restante da FFLCH, como também ocuparam a diretoria, por iniciativa do Rebeldia, exigindo a liberação do prédio e o avanço de suas demandas. Ali partimos para a ofensiva contra Paulo Martins e tudo que ele representa.

Nessas eleições estão concorrendo duas chapas: a chapa 1, apoiada pelo diretor atual e pela burocracia universitária de forma velada, indicando a diretora Ana Paula Tavares e Manoel Mourivaldo a vice-diretor, e a chapa 2 representada por Adrian Fanjul a diretor e Silvana Nascimento como vice-diretora. Essas chapas possuem diferenças que são fundamentais para que nós estudantes possamos ter um cenário mais favorável para a construção das nossas lutas e as nossas pautas. Por exemplo: uma direção que manda a guarda universitária fechar prédio de estudante e é intransigente frente às nossas principais demandas não está do nosso lado na luta pelos nossos avanços e conquistas.

A chapa 1 é insuficiente e não está alinhada com o que precisamos

Em seu programa, a chapa 1 não se enfrenta com os planos da reitoria para a faculdade, em especial ao tema mais tangível aos estudantes, que é o edital de mérito, e sequer chega a apresentar o problema da falta de professores. O programa da chapa é uma vergonha frente as necessidades dos colegiados da faculdade: não cita as cotas para docentes negros, não cita a demanda por banheiros agênero, além de mal se aprofundar nas demandas especificas de cada setor e área da faculdade. Em geral, é um programa superficial e bastante insuficiente que expressa uma incompreensão grande acerca dos temas que envolvem o conjunto da comunidade fflchiana.

A existência da chapa 2 se deve ao avanço da luta da greve de 2023

Já a chapa 2, em seu programa, critica o edital de mérito e apresenta para a comunidade universitária o problema da falta de professores como algo grave e urgente para a nossa faculdade. Adrian, o indicado a diretor, é um professor que tem um longo histórico de apoio à luta estudantil. Os professores que apoiam essa chapa são aqueles que estiveram ao lado dos alunos na luta por salas em 2022, que construiram uma ponte muito importante entre discentes e docentes junto com a Adusp e que apoiaram a nossa greve. O próprio Adrian participou de diversas assembleias para apresentar o ponto de vista dos professores e nos ajudar a conduzir a greve.

Além disso, a chapa apoia demandas estudantis importantes, em especial para os estudantes trans, que é a necessidade de implementação dos banheiros agênero. Também apoia a criação de um coletivo para docentes negros, uma demanda essencial para que possa-se avançar a auto organização dos docentes negros e suas demandas, como as cotas em concursos para docente, que é também uma pauta da greve. Também achamos importante que chapa 2 tenha adicionado o tema da curricularização como parte do debate a ser aprofundado no próximo período, tema que a chapa 1 nem chega a citar.

Achamos que a existência dessa chapa se deve muito à greve, que colocou esses temas em pauta, proporcionou a auto-organização pela base para refletir sobre os problemas da faculdade, e deu uma injeção de ânimo para os professores na luta contra o projeto elitista e privatista da Reitoria. É importante que os estudantes, em especial as novas gerações da USP, saibam desse saldo político da greve e da importância da nossa luta.

Nossas críticas à chapa 2

Apesar disso, temos importantes críticas à chapa. A principal é que não fazem o debate sobre a estrutura de poder da USP, e a necessidade de independência de classe para enfrentar os planos dos governos, capitalistas e elite de São Paulo. É por esse motivo que as medidas que apresentam sobre a democratização da FFLCH são insuficientes. Democratizar os espaços é importante, mas é preciso ir além, exigindo a paridade e colocando a USP sob controle da comunidade.

Essa limitação também faz com que não apontem qual tipo de relação terão com a Reitoria, e a opinião sobre os governos. Por exemplo, caso eleita, como a chapa vai se posicionar se a reitoria implementar um ataque que afete os estudantes? A chapa vai se apoiar na mobilização estudantil para enfrentar a Reitoria e a institucionalidade ou não? Já tivemos uma situação importante, que foi o acampamento estudantil pela Palestina, que reverberou na Congregação com o posicionamento exigindo a ruptura dos Convênios da FFLCH com Israel.

Nesse caso, não pudemos contar com o posicionamento favorável de Adrian. Esse é um grave indício, e é por isso que votamos criticamente, pois nos guiaremos sempre pela independência de classe e nos ancorando na

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Última Atualização: 21/08/2024