À imprensa, nesta quarta (16), Humberto Costa, Edinho Silva, Anne Moura e Jilmar Tatto detalharam resultado do PED, o maior processo de eleição interna do PT da história
O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT) reuniu a imprensa nesta quarta-feira (16), na sede em Brasília, para apresentar os resultados do PED 2025, o maior processo de eleição interna da história do partido, com a participação de mais de 548 mil filiados.
A coletiva foi conduzida pelo senador Humberto Costa, atual presidente do PT, e contou com a presença de Edinho Silva, eleito presidente Nacional com 73,1% dos votos, da secretária Nacional de mulheres do PT, Anne Moura, e do secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto.
Humberto Costa iniciou a conversa com a imprensa lembrando que o PT é o único partido brasileiro que realiza eleições diretas para escolha de seus dirigentes em todos os níveis, do municipal ao nacional.
Ele ressaltou o caráter democrático do processo e afirmou que o PED 2025 superou todos os anteriores em número de votantes.
“Foi o maior PED entre todos os que realizamos. Mais de meio milhão de filiados participaram. Isso é muito expressivo. É uma forma de os militantes se mobilizarem, participarem da disputa como candidatos. Esse engajamento mostra a vitalidade do nosso partido”, destacou o senador.
Vitória expressiva
Ao comentar os resultados, Costa destacou a votação expressiva de Edinho Silva como um marco de legitimidade.
“Edinho teve 73% dos votos, o que lhe dá uma legitimidade muito grande para conduzir o partido. A corrente Construindo um Novo Brasil, da qual ele faz parte, atingiu 51% dos votos. Há muito tempo uma chapa não conseguia essa maioria absoluta, e isso garante uma governabilidade importante”, afirmou.
Segundo ele, essa base sólida, combinada com o espírito de diálogo e unidade, cria as condições necessárias para que o PT enfrente os desafios políticos de 2025 e 2026 com força e organização.
Assista a íntegra da coletiva:
Unidade partidária
O presidente eleito Edinho Silva fez questão de agradecer à militância petista e aos dirigentes que organizaram o processo eleitoral. Ele reconheceu o papel de Gleisi Hoffmann, a quem classificou como “a dirigente mais importante da história do PT”, e elogiou a condução firme e democrática de Humberto Costa no período de transição.
Durante a coletiva, Edinho Silva também prestou solidariedade à União Nacional dos Estudantes (UNE), que vivia um momento de luto após o acidente com dois ônibus a caminho do congresso da entidade, vitimando cinco pessoas, entre elas três delegados.
Ele avaliou ainda o PED como um sinal claro de que o PT está pronto para os próximos passos.
“É um balanço muito positivo no momento importante da vida política do Brasil e do partido. Estamos vivendo uma conjuntura internacional difícil, com o crescimento do fascismo em diversos países e com a recente ofensiva econômica do governo Trump contra o Brasil. Isso exige muito dos partidos que defendem a democracia e, em especial, do Partido dos Trabalhadores”, afirmou.
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Soberania nacional
O presidente eleito do PT também reforçou a importância de uma postura firme diante das ameaças à soberania nacional, destacando que o Brasil precisa se posicionar.
“O governo Trump fomenta uma terceira guerra mundial. Não será bélica, mas econômica. A maneira como ele agride a China, a Rússia, o México e agora o Brasil é inaceitável. O Brasil não é um puxadinho dos Estados Unidos. Somos uma nação e queremos ser respeitados como tal”, declarou.
Para Edinho Silva, o presidente Lula agiu corretamente ao responder com firmeza e dignidade à tentativa de intimidação por parte de Trump, e cabe agora ao PT reforçar o debate sobre soberania e reorganização da governança global.
Reeleição de Lula
A reeleição de Lula em 2026 foi apontada como prioridade estratégica. Segundo Edinho Silva, o PT precisa estar mobilizado para garantir a continuidade do projeto de reconstrução nacional.
“Nós queremos reafirmar o nosso projeto de país reelegendo o presidente Lula e dando continuidade à reconstrução das políticas públicas. O PED mostra que o PT está forte, está mobilizado, implantado nacionalmente e pronto para os desafios da conjuntura”, disse.
A justiça tributária também foi tema central na coletiva. Silva frisou a missão do PT em defender o fim dos privilégios e uma política fiscal mais justa. Ele citou o projeto em tramitação que isenta do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil e reduz a carga para quem ganha até R$ 7.350, como exemplo das medidas em curso no governo Lula.
“Temos que enfrentar os privilégios e construir um país com igualdade de oportunidades. Essa é uma agenda que o partido manterá viva no Congresso e na sociedade”, disse.
Congresso partidário
Ao ser questionado sobre as prioridades da nova gestão, Edinho Silva defendeu a realização de um congresso partidário já no início de sua gestão, com o objetivo de atualizar o programa político e o estatuto do PT.
Entre os temas que devem ser debatidos, estão a transição geracional, o limite de mandatos, o fortalecimento dos núcleos de base, a democratização interna, a formulação sobre segurança pública, transporte coletivo, transição energética e inteligência artificial.
“A classe trabalhadora está em profunda transformação. Precisamos valorizar nosso legado, mas também buscar novas formas de organização e de relação com essa nova classe trabalhadora emergente”, explicou.
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Comunicação digital e inteligência artificial
O secretário Nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, destacou na coletiva a campanha digital do partido como um dos principais marcos do período recente. Disse que o PT rompeu “a barreira do som” com ações coordenadas que mobilizaram amplamente a militância e os setores progressistas, como no caso da campanha da taxação do Trump.
“Hoje temos coesão política e estamos falando a mesma linguagem. A comunicação do PT está ancorada em posicionamentos políticos claros e está conectada com as entregas do governo Lula”, afirmou.
Sobre o uso da inteligência artificial, Tatto explicou que o partido seguirá utilizando a tecnologia de forma ética, sem disseminar desinformação.
“Usamos IA de forma híbrida, combinando com imagens reais do povo brasileiro. Nosso esforço é manter uma comunicação com profundidade política e vínculo com a realidade”, disse.
Durante a coletiva, a secretária Nacional das Mulheres do PT, Anne Moura, complementou afirmando que, apesar do tamanho inédito do processo, as queixas foram menores do que em edições anteriores.
“Temos muitos registros bonitos, com militantes antigos e jovens votando com entusiasmo. Isso é o saldo positivo que fica para nós”, disse.
Encerrando a coletiva, Humberto Costa expressou a satisfação da direção nacional com os resultados alcançados, tanto pela grande participação quanto pela vitória expressiva de Edinho.
“O PT está se preparando bem para o enfrentamento que teremos no ano que vem”, concluiu.
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